PF mira assessor de Temer e ex-governadores por desvios em obra de estádio

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Publicado Terça, 23 de Maio de 2017 às 07:25, por: CdB

De acordo com a Polícia Federal, a Terracap "encontra-se em estado de iminente insolvência" em razão da obra no Mané Garrincha

Por Redação, com Reuters - de Brasília/Rio de Janeiro:

A Polícia Federal lançou nesta terça-feira operação para investigar organização criminosa suspeita de desviar recursos das obras do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, para a Copa do Mundo de 2014, tendo entre os alvos dois ex-governadores do Distrito Federal e um ex-vice-governador que atualmente é assessor do presidente de facto Michel Temer.

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Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília

Segundo uma fonte da PF, os ex-governadores do DF Agnelo Queiroz e José Roberto Arruda e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli são alvos de mandados de prisão. Filippelli atualmente ocupa o cargo de assessor especial do gabinete pessoal da Presidência da República. Não foi possível fazer contato de imediato com representantes dos citados.

Em comunicado sem identificar os suspeitos, a PF disse que estão entre os alvos da operação agentes públicos e ex-agentes públicos, construtoras e operadores de propina ao longo de três gestões do governo do DF.

Orçadas inicialmente em cerca de R$ 600 milhões. As obras de reforma no estádio de Brasília para o Mundial custaram R$ 1,5 bilhão. Fazendo da arena a mais cara da Copa do Mundo. "O superfaturamento, portanto, pode ter chegado a quase R$ 900 milhões". Disse a PF em comunicado.

– A hipótese investigada pela Polícia Federal é que agentes públicos, com a intermediação de operadores de propinas. Tenham realizado conluios e assim simulado procedimentos previstos em edital de licitação – acrescentou a polícia.

MPF

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF). Um levantamento do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDFT). Constatou fraude na licitação e apontou sobrepreço de R$ 430 milhões em valores de 2010. Montante que atualmente alcança R$ 900 milhões se corrigido pela taxa Selic.

A Justiça Federal do DF emitiu 15 mandados de busca de apreensão, 10 mandados de prisão temporária e 3 de condução coercitiva como parte da operação. Todos a serem cumpridos em Brasília e arredores. Também foi determinada a indisponibilidade de bens de 13 envolvidos até o limite de R$ 60 milhões.

Segundo delatores da empreiteira Andrade Gutierrez, responsável pela construção do Mané Garrincha. Foi acertado o repasse de 1 %  do valor total da obra para os agentes políticos em forma de propina. Disse o MPF, acrescentando que os relatos revelam dezenas de pagamentos de propina que, em valores preliminares, somam mais de R$ 15 milhões.

Elefante branco

O estádio de Brasília é o segundo mais caro do mundo voltado para o futebol, segundo especialistas, ficando atrás apenas de Wembley, na Inglaterra.

A renovação da arena para o Mundial de 2014 não recebeu empréstimos do BNDES, ao contrário dos demais estádios da Copa financiados com recursos públicos, mas sim da estatal do DF Terracap, que tem 49 %  de participação da União.

De acordo com a PF, a Terracap "encontra-se em estado de iminente insolvência" em razão da obra no Mané Garrincha.

A Polícia Federal identificou a operação como Panatenaico, em referência ao estádio de mesmo nome na Grécia que tinha os assentos de madeira e passou por uma enorme reforma que incluiu arquibancadas em mármore, disse a PF.

Estádio

O estádio de Brasília é um dos seis que estavam sob suspeita de irregularidades sob investigação com base nas delações de executivos de empreiteiras investigadas na operação Lava Jato. Além do Mané Garrincha, também são investigadas as obras na Arena Corinthians, em São Paulo; na Arena Pernambuco, em Recife; na Arena Castelão, em Fortaleza; na Arena Amazônia, em Manaus; e no Maracanã, no Rio de Janeiro.

O Mané Garrincha recebeu sete jogos do Mundial de 2014, incluindo a decisão de terceiro lugar em que o Brasil perdeu por 3 a 0 para a Holanda. No entanto, sem nenhum time nas primeiras divisões do Campeonato Brasileiro na cidade, o estádio recebe jogos apenas esporadicamente desde o fim da Copa e é considerado por críticos um elefante branco.

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