Reforma da Previdência não passa no Parlamento, avaliam deputados

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Publicado Sábado, 08 de Abril de 2017 às 16:22, por: CdB

Deputados perceberam que, como afirmou o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), seria um “suicídio político” aprovar as propostas da equipe de Temer para a reforma da Previdência

 

Por Redação - de Brasília

 

Na reta final para que a Câmara dos Deputados inicie a votação da reforma da Previdência, o presidente de facto, Michel Temer, recua em novas frentes e demonstra o que a reportagem do Correio do Brasil apurou, na véspera: a base parlamentar do governo, no Congresso, perdeu força e não seria suficiente, hoje, para aprovar o texto encaminhado pela Presidência da República. Os deputados perceberam que, como afirmou o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), seria um “suicídio político” aprovar as propostas da equipe de Temer. 

onyx-lorenzoni-1.jpgRepresentante da direita na Câmara, nem Lorenzoni acredita que reforma da Previdência seja aprovada

Os ataques de Calheiros às propostas governistas e ao próprio Temer, imerso em um processo de cassação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sinalizam que seu projeto mais audacioso, como a reforma previdenciária, “foi para o vinagre”, segundo afirmou um parlamentar da base aliada, ao CdB.

— Esses recuos se dão em função de pressão popular e da completa impossibilidade de esse texto (da Proposta de Emenda à Constituição-PEC 287) ser absorvido. Não existe negociação com essa reforma — emendou a líder do PCdoB na Câmara, Alice Portugal (BA).

Obediência

Na opinião deputado Enio Verri (PT-PR), ao contrário do que diz Temer, o anúncio das mudanças é a primeira grande vitória dos movimentos sociais e dos partidos de oposição no Congresso Nacional. O atual inquilino do Palácio do Planalto afirmou que a alteração no texto não pode ser considerada um recuo, mas "uma questão de obediência ao que o Congresso Nacional sugere". Para Verri, com as manifestações de 8, 15 e 31 de março, somadas às últimas votações na Câmara, o quadro fica mais claro.

— A cada iniciativa que toma, Temer perde mais base social e ao mesmo tempo perde base de apoio na Câmara — disse, a jornalistas.

Os sinais de que Temer foi batido no Congresso, na realidade, começaram ainda no mês passado. No dia 29 de março, o governo foi derrotado na votação da PEC 395, que instituía a cobrança de mensalidades em universidades públicas. O texto precisava de 308 votos para ser aprovado, mas obteve 304. Na última quinta-feira, estava prevista votação do projeto da renegociação da dívida dos Estados, mas, sem acordo e com quórum baixo, o assunto foi retirado da pauta.

Previdência instável

Líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP) afirmou que Temer “mexeu em aspectos secundários” da PEC 287, e que o recuo, antes mesmo da “primeira batalha”, na comissão especial da Reforma da Previdência, foi a primeira vitória do movimento social e dos partidos de oposição.

— Ainda que a gente não saiba exatamente o que vão propor — adiantou.

Mas o petista lembra que os “pilares” da PEC 287 seguem intocados. Os 65 anos de idade, o mínimo de 25 anos de contribuição e 49 anos para benefício integral).

— As mobilizações provocaram uma série de distúrbios internos na base desse governo sem representatividade. Não tem voto e nenhum compromisso com os direitos sociais. Nesse sentido, a base iniciou um processo de rebeldia. A gota d’água é a pesquisa que mostra 241 deputados contra a reforma da Previdência como ela está. Com a pressão, quem sabe a gente derrote o mais cruel documento que já apreciamos no Congresso — espera Alice Portugal .

Nem na direita

Além da esquerda, o governo já perde apoio ao centro e à direita. É o que declara um de seus mais exaltados representantes, o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM). Assim, fica mais fácil para os analistas políticos preverem o futuro de Temer. Em entrevista a um site brasiliense de política, Lorenzoni não deixa dúvidas. A atual proposta de Reforma da Previdência não passa no Congresso.

— Será derrotado em todas as reformas que ele mandar. Se o governo Temer enxugasse o Estado, poderia terminar o ano com algum grau de recuperação de imagem. As pessoas cansaram de pagar conta. Esse é o fato. As pessoas cansaram da política atual. Anda e fala com o povo na rua. Nenhum desses que está indicado para presidente o povo na rua fala. Tem que prestar atenção: está se gestando no Brasil um Trump brasileiro. O governo vai ser fragorosamente derrotado. Essa PEC não passa. Vai ser uma derrota enorme, humilhante — concluiu.

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