No dia anterior, um helicóptero da Polícia Militar, que participava de ações na comunidade, caiu, matando seus quatro ocupantes. Ainda não se sabe o motivo da queda da aeronave
Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro:
Policiais militares continuaram nesta quinta-feira com operações na comunidade da Cidade de Deus, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Nesta quinta é o sexto dia seguido de ações da polícia na localidade, que foi alvo de intensos confrontos armados no último fim de semana. No domingo, sete corpos de moradores foram encontrados na favela.
No dia anterior, um helicóptero da Polícia Militar, que participava de ações na comunidade, caiu, matando seus quatro ocupantes. Ainda não se sabe o motivo da queda da aeronave. A Delegacia de Homicídios da Polícia Civil investiga o caso e a morte dos sete moradores.
Segundo a polícia, já foram realizadas perícias necroscópicas que concluíram que as mortes foram em decorrência dos ferimentos a tiros.
Diligências estão sendo feitas para identificar os autores e apurar as circunstâncias das mortes. No momento, há duas linhas investigativas. A primeira é que as mortes tenham ocorrido durante confronto entre milicianos na Gardênia Azul e a segunda é que tenham ocorrido durante confronto entre criminosos e policiais na comunidade. A Delegacia de Homicídios não descarta outras possibilidades.
Nesta manhã, mesmo com a operação policial, o funcionamento das unidades escolares da região não foi afetado. Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), as escolas estão funcionando normalmente no turno da manhã.
Busca coletivo
O delegado Felipe Curi, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), defendeu na quarta-feira a utilização de um mandado de busca coletivo, levado a cabo na operação deflagrada desde as primeiras horas na Cidade de Deus. A medida, expedida pela Justiça, foi criticada por entidades de direitos humanos e por moradores, pois permite a entrada, mesmo à força, em qualquer imóvel que esteja nas áreas delimitadas.
A Justiça concedeu mandado coletivo de busca e apreensão nas comunidades da Cidade de Deus conhecidas como Karatê, Rocinha 2, Favela da 15 e Apês. Curi disse que tem uma série de medidas a serem observadas no cumprimento da ordem.
– Todos esses mandados têm que ter a presença de um delegado coordenando. Nós convocamos 25 delegados, divididos nas quatro regiões em que a operação foi realizada, justamente com a função de garantir os direitos constitucionais, as garantias individuais dos moradores, para fiscalizar toda a ação, para que não tivesse nenhum tipo de excesso ou abuso – disse Curi.
O delegado respondeu que as garantias fundamentais são relativas e disse que poderia pleitear novamente outros mandados de busca e apreensão coletivos. “Não acho que os fins justificam os meios.
Os direitos e garantias fundamentais não são absolutos, eles são relativos. São relativizados em determinadas situações. Tudo isso é analisado com razoabilidade. Em última análise, quem dá a palavra final é o Judiciário.
(Pedir um novo mandado coletivo) depende da situação concreta. Isso não é uma coisa para ser feita corriqueiramente. É para situações extremas”, disse Curi.
A operação de quarta-feira teve a participação de 400 policiais e resultou na prisão de 14 pessoas, todas com mandados de prisão expedidos anteriormente. Também foram apreendidos um fuzil, pistolas e quantidade de maconha e cocaína.
Porém, os nove traficantes que eram procurados não foram encontrados. Um deles, segundo o delegado, seria um dos sete homens encontrados mortos no último domingo. No sábado, um helicóptero da Polícia Militar caiu na região, matando quatro policiais, e as causas ainda estão sendo investigadas.