Num momento em que as tendências de direita e mesmo de extrema-direita ganham força no mundo, a ONU passa a ter um secretário-geral de formação socialista, cuja carreira política começou na época da Revolução dos Cravos, em Portugal.
Por Rui Martins, de Genebra:
O português Antonio Guterres, que já foi primeiro-ministro e vice-presidente da Internacional Socialista, assume seu cargo de secretário-geral da ONU neste primeiro dia de 2017.
Ex-dirigente, durante dez anos, do Acnur, Alto Comissariado da ONU pelos Refugiados, um de seus primeiros desafios será a questão dos migrantes em fuga da guerra na Síria e Iraque e dos africanos que chegam à Itália em busca de vida melhor.
Paradoxalmente, o lisboeta Guterres que defende a aceitação de refugiados pela comunidade europeia, não tinha o apoio da alemã Angela Merkel à sua candidatura. A chanceler alemã apoiava a búlgara Kristalina Georgieva, vice-presidente da Comissão Europeia.
Mas esse apoio não foi o suficiente para influir no voto dos membros do Conselho de Segurança e da Assembleia Geral da ONU.
Ao contrário do coreano que deixa neste último dia do ano a Secretaria geral da ONU, Antonio Guterres é citado como dotado de muito carisma.
Depois de ter feito reformas no Acnur, espera-se de Guterres propostas de reformas na estrutura da ONU. As organizações não governamentais esperam dele ações mais decididas em favor dos refugiados do que as atuais medidas criticadas por serem tímidas e lentas.
Antonio Guterres tem 67 anos e seu secretariado abrange 193 nações, das quais sete são lusófonas. A presença de Guterres poderá ajudar o Brasil na reivindicação de fazer parte efetiva do Conselho de Segurança.
Rui Martins, correspondente em Genebra.