Rio de Janeiro, 13 de Dezembro de 2025

Temer e Aécio se unem para tirar Tasso Jereissati do ninho tucano

A ação coordenada entre o presidente de facto, Michel Temer, e o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), ambos citados em processos por corrupção no âmbito da Operação Lava Jato, tem causado um cisma no ninho tucano.

Segunda, 21 de Agosto de 2017 às 12:48, por: CdB

A ação coordenada entre o presidente de facto, Michel Temer, e o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), ambos citados em processos por corrupção no âmbito da Operação Lava Jato, tem causado um cisma no ninho tucano.

 

Por Redação - de Brasília e São Paulo

 

Os encontros entre o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente Michel Temer (PMDB), nos últimos dias, com o objetivo de retirar da Presidência da legenda tucana o senador Tasso Jereissati (CE), tem causado um abalo sísmico no partido. Temer não esconde sua intenção de minar a permanência do tucano cearense. Jereissati tem promovido ataques em série ao governo empossado após a derrubada da presidenta Dilma Rousseff.

Apoio a Ciro

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Aécio Neves se juntou a Michel Temer na tentativa de derrubar Tasso Jereissati do ninho tucano

Em um programa eleitoral, na semana passada, o PSDB chegou a pedir desculpas públicas por patrocinar o golpe de Estado, em curso no país. As críticas têm levantado obstáculos ao governo no Parlamento, o que dificulta a votação de medidas econômicas vitais para a permanência de Temer no cargo.

Para o Planalto, Jereissati não representa a posição majoritária do partido. Fontes ligadas à área política do governo chegaram a espalhar o boato que Jereissati aliou-se a Ciro Gomes, a exemplo do que ocorreu em 2002, abandonando o candidato José Serra.

Após a divulgação de uma nota dos tucanos paulistas, Aécio Neves e o diretório mineiro do partido reagiram em uníssono. O deputado Domingos Sávio, presidente tucano em MG, disse que a reação dos correligionários é um “oportunismo lamentável”. Já Aécio disse, em nota, que é “natural que lideranças do partido tenham conversas com o presidente e membros do governo”.

Outra nota

A nota foi assinada pelo vereador Mário Covas Neto, do PSDB paulistano, e estremeceu as relações no ninho tucano. Covas criticou a reunião de Aécio Neves com Temer, na última sexta-feira. No documento, o vereador afirmou que a presença de Aécio em reuniões internas ou públicas causa desconforto e embaraços à legenda.

Mário Covas Neto completou a provocação cobrando que o senador primeiro prove a sua inocência e só depois retorne ao partido. Acrescentou, ainda, que quem pode falar em nome do PSDB é quem está no exercício da presidência. No caso, o senador Tasso Jereissati.


Em outra nota, o presidente do Diretório Estadual do PSDB paulista, deputado Pedro Tobias, discordou do posicionamento de Mário Covas Neto. Ele disse que, como senador eleito por Minas Gerais, Aécio tem o dever de exercer na plenitude o seu mandato.

Irmãos Batista


Em seu perfil no Twitter, Temer disse que recebeu o senador Aécio Neves para tratar de assunto relacionado com a Companhia de Energia de Minas (Cemig). Disse, ainda, que não existe nada mais normal que senadores tratem dos assuntos de interesse de seus Estados. O peemedebista escreveu, ainda, que não entra em assuntos internos de outras legendas. Não fez, e nem o faria em relação ao PSDB.


Aécio Neves confirmou, por meio de nota, que o encontro com Temer tratou de assuntos de interesse da Cemig. O senador negou que tenha discutido questões internas do PSDB. Disse que esses temas são discutidos internamente, e não tem qualquer participação do governo ou do presidente.


Aécio foi afastado do Senado em maio, depois de denúncias de recebimento de propina do Grupo JBS, dos irmãos Wesley e Joesley Batista. O senador retornou às atividades parlamentares em junho, depois de uma decisão do Supremo Tribunal Federal.

Divisão nacional

A divisão do PSDB, no entanto, ocorre em nível nacional. Um dos fatos mais recentes, que evidencia o abalo interno, foi a votação na Câmara dos Deputados. O partido votou dividido quanto ao andamento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra Temer. Ao longo da crise gerada pela delação premiada da JBS, que embasou a denúncia, parte dos tucanos passou a defender a permanência dos ministros do partido no governo; outra parte passou a defender o desembarque.

O grupo ligado a Aécio e ministros tucanos do governo Temer têm criticado decisões tomadas por Jereissati. Entre elas, o programa partidário em que se refere ao atual sistema de governo como "presidencialismo de cooptação". Defende, ainda, o parlamentarismo. Esse grupo se movimenta para que Aécio reassuma o comando da sigla.

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