Temer chega a Moscou e recebe tratamento meramente protocolar

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Publicado Terça, 20 de Junho de 2017 às 10:35, por: CdB

No aeroporto em Moscou, além dos praças, apenas de um funcionário russo de terceiro escalão recepcionou o presidente de facto, Michel Temer.

 

Por Redação, com agências internacionais - de Moscou

 

Gafes, falta de prestígio, de representatividade e uma agenda constrangedora marcam a visita do presidente de facto, Michel Temer, à capital russa. Seu desembarque, no Aeroporto de Vuknovo, região metropolitana de Moscou, foi absolutamente protocolar.

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Temer chega sem prestígio e com uma agenda esvaziada a Moscou

Nenhuma recepção mais calorosa, a exemplo daquela dispensada à então presidenta Dilma Rousseff, em 2012, o aguardava. As boas-vindas ficaram por conta de um funcionário do corpo diplomático russo.

Gafe

Não sem motivo. Foi muito mal recebida no Ministério das Relações Exteriores da Rússia a gafe, proposital ou não, cometida na véspera. Segundo a agenda distribuída pela equipe de Comunicação Social do Palácio do Planalto, Temer viajaria à "República Federativa Soviética da Rússia”. A denominação não é exatamente esta. Talvez, o redator tenha se referido à República Socialista Soviética da Rússia, país líder da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Ambas deixaram de existir desde 1991, com a queda do regime comunista. Hoje existe a Federação Russa ou, simplesmente, a Rússia.

A evidente falta de prestígio do peemedebista, prestes a atingir a unanimidade na rejeição popular dos brasileiros, esvaziou a viagem internacional. Tampouco serviu para arrefecer os ânimos dos eleitores quanto aos escândalos de corrupção que o atingem, ininterruptamente, desde o mês passado. Temer é alvo de uma investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), ao lado de um de seus mais próximos assessores, o hoje presidiário Rodrigo Rocha Loures.

Golpe de Estado

Os russos também não engoliram, até hoje, a queda da presidenta Dilma Rousseff, em um golpe de Estado jurídico-parlamentar, em Maio do ano passado. Enquanto Dilma reforçava os laços com os BRICS (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, na sigla em inglês), enquanto Temer tenta se aproximar da política de Washington, francamente adversa ao presidente Vladimir Putin. O horário marcado na agenda do dirigente russo é de breves 30 minutos.

Apesar dos esforços do Itamaraty, os compromissos minguaram na agenda de Temer. No discurso previsto para 180 participantes do fórum empresarial em curso na capital russa, mas claramente esvaziada, Temer tentará fugir de uma ‘saia justa’. A principal razão da viagem ao país foi a necessidade da defesa aos produtos de origem animal.

A agenda foi providenciada logo após deflagrada a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, sobre a qualidade do cortes exportados. Nos últimos 60 dias, porém, o quadro político brasileiro se convulsionou; justamente por causa da delação premiada de executivos do Grupo JBS. Esta seria uma das empresas que Temer deveria defender junto aos russos.

Caso JBS

Joesley Batista, dono da JBS, acusou Temer, diretamente, de ser o líder da organização criminosa “mais perigosa do país”. Frente à acusação e seus desdobramentos, o peemedebista precisou rever todo o seu discurso. Os acordos bilaterais previstos para assinatura dos chefes de Estado, durante a passagem de Temer por Moscou, também foram adiados.

A comitiva oficial é integrada por Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo). Idem Sarney Filho (Meio Ambiente) e o senador Paulo Bauer (PMDB-SC); além dos deputados Darcísio Perondi (PMDB-RS), Átila Lins (PSD-AM) e Vinicius Carvalho (PRB-SP).

Temer hospeda-se, sem a companhia da primeira-dama, na suíte presidencial do hotel Ritz-Carlton. Trata-se de um dos mais luxuosos e bem localizados de Moscou. A suíte foi usada por Donald Trump, em 2013.

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