Temer é taxado por Batista e Barbosa como chefe de quadrilha

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Publicado Sexta, 01 de Setembro de 2017 às 12:52, por: CdB

Temer "sempre foi muito direto, ele pedia dinheiro mesmo”. O dono da JBS gravou as fitas em que Temer indica Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala, como seu interlocutor de confiança.

 

Por Redação - de Brasília

 

Distante cerca de 17 mil quilômetros do Palácio do Jaburu, onde manteve encontros às escondidas com o empresário Josley Batista, da JBS, o presidente de facto, Michel Temer, recebeu mais uma pancada, nesta sexta-feira. Um de seus interlocutores, na calada da noite, o dono da marca Friboi falou a um dos diários das Organizações Globo e não poupou o antigo cúmplice.

— Esse Temer que você vê na televisão é falso. O Temer verdadeiro é o que eu gravei. Aquele Temer que fala sem cerimônia — disse.

temer.jpgMichel Temer fora espontâneo o suficiente para pedir dinheiro sujo a Joesley Batista

Segundo Joesley, Temer "sempre foi muito direto, ele pedia dinheiro mesmo”. O dono da JBS gravou as fitas em que Temer indica Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala, como seu interlocutor de confiança; e também em que Temer dá aval à compra do silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro. Este último embasará a segunda denúncia do procurador-geral Rodrigo Janot; desta vez por obstrução judicial e organização criminosa.

Promiscuidade

Na entrevista, ele fala sobre o que mudou em sua vida após se tornar delator.

— Ninguém sai de um processo desses como entrou. Esse negócio de virar colaborador da Justiça é muito novo para todo mundo. Um delator não 'faz' uma delação simplesmente, ele vira uma chave. Muda sua forma de pensar, de agir. Aqueles amigos que você tinha já não servem mais. Se você mudou realmente, você muda de grupo e passa a enxergar as coisas sob outro ângulo — relata Joesley.

Ele também culpou os governos pela promiscuidade entre o público e o privado.

— Nós somos empresários e os empresários estão subordinados ao Estado. Se os mandatários do Estado negociam com você daquela forma, você acaba achando que opera dentro de um padrão de normalidade. A gente vai ficando anestesiado — disse.

Bando de ladrões



O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro aposentado Joaquim Barbosa, relator da Ação Penal 470, o conhecido processo do ‘mensalão’, concorda com o empresário Joesley Batista. Segundo afirmou, nesta sexta-feira, em entrevista ao mesmo diário do grupo Globo, o governo brasileiro foi tomado de assalto por ladrões.

— O Brasil foi sequestrado por um bando de políticos inescrupulosos que reduziram as instituições a frangalhos — afirmou.

Barbosa afirmou ainda que em nenhum país uma figura como Michel Temer – acusado de levar propinas da Odebrecht e da OAS, além de comprar o silêncio de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro – permaneceria no cargo depois de acusações tão graves.

Parlamentarismo

O ex-ministro também denunciou a nota etapa do golpe conduzido pelos ladrões que assaltaram o poder.

— Essa gente é tão sem escrúpulo que vai tentar impor o parlamentarismo para angariar a perpetuação no poder e se proteger das investigações. Esse é o plano. Seria mais um golpe brutal nas instituições. O Brasil já fez, nos últimos 50 anos, dois plebiscitos. Em ambos, a votação contrária foi avassaladora — lembra Barbosa.

Em 1993, continuou, “o parlamentarismo não obteve, se não estou enganado, mais de 25% dos votos”

— É uma ideia absolutamente exótica à organização institucional brasileira. O país vive há quase 130 anos sob um regime presidencialista. Seria uma irresponsabilidade absurda testar um experimento exótico desse, como se fosse um brinquedinho, um ioiô — concluiu.

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