Rio de Janeiro, 20 de Dezembro de 2025

Trump leva EUA ao atoleiro em guerra no Iêmen

O Iêmen está emergindo como um verdadeiro campo de testes para a abordagem enérgica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a Al Qaeda e o Irã

Terça, 07 de Fevereiro de 2017 às 12:50, por: CdB

O movimento islâmico xiita, que nega receber qualquer ajuda militar do Irã, retrata Washington como um agressor na guerra que já matou mais de 10 mil pessoas

Por Redação, com Reuters - de Dubai:

O Iêmen está emergindo como um verdadeiro campo de testes para a abordagem enérgica do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a Al Qaeda e o Irã, mas suas primeiras ações em solo iemenita criam o risco de mergulhar seu governo ainda mais na tortuosa guerra local de dois anos.

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Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante discurso em Washington

No mês passado, uma operação norte-americana matou vários militantes da Al Qaeda. Mas também causou a morte de um militar da tropa de elite dos EUA Seal e vários civis. O envio de um destróier para patrulhar o litoral do Mar Vermelho atraiu a ira do movimento houthi do Iêmen, um aliado do Irã.

A sequência de operações realizadas desde que Trump tomou posse em 20 de janeiro incluiu três ataques com drones (aeronaves não-tripuladas). Contra possíveis militantes da Al Qaeda e um reforço no apoio logístico a uma campanha liderada pelos sauditas. Contra os houthis que começou durante a gestão de seu antecessor, Barack Obama.

Há tempos Washington vem apoiando o governo iemenita exilado contra seus inimigos houthis e da Al Qaeda, que também lutam entre si. Mas o enfoque mais beligerante de Trump pode ter consequências indesejáveis. Alertam analistas e autoridades do Iêmen. Revertendo esforços feitos por Obama para se chegar a um acordo de paz e atiçando duas organizações hostis aos interesses dos EUA.

– Ao invés de conduzir a uma solução política que quase todos concordam ser a única maneira de solucionar o conflito. Parece que as ações do governo Trump só estão jogando gasolina no fogo – avaliou Adam Baron. Especialista em Iêmen do Conselho Europeu de Relações Externas.   

Fuzileiros navais     

Reagindo à operação dos fuzileiros navais, um líder tribal iemenita disse. "Se eles tivessem simplesmente bombardeado o lugar, teria sido muito mais fácil e menos arriscado. Mas parece que Trump está tentando dizer 'sou um homem de ação!'".

– Parece que o novo presidente assistiu muitos filmes de Steven Seagal – acrescentou, referindo-se ao astro de filmes de ação.

Ao tomar a capital Sanaa, os houthis expulsaram o governo reconhecido internacionalmente em 2015. Hoje controlam a maioria dos centros populacionais no país majoritariamente desértico. E montanhosos situado no extremo da Península Arábica.

O movimento islâmico xiita, que nega receber qualquer ajuda militar do Irã, retrata Washington como um agressor na guerra que já matou mais de 10 mil pessoas e vem provocando fome e doenças.

As ações norte-americanas mais recentes representam um risco de alimentar esta narrativa.

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