Turquia intensifica ataques na fronteira com a Síria
A Turquia intensificou nesta terça-feira os bombardeios a posições da organização extremista "Estado Islâmico" (EI) na fronteira do país com a Síria, em resposta a ataques lançados contra seu território
Combate das forças turcas a posições do "Estado islâmico" na Síria aumenta após atentado que matou 54 pessoas no último sábado. Ancara retaliou com ataques a milícias curdas e posições dos jihadistas
Por Redação, com DW - de Ancara:
A Turquia intensificou nesta terça-feira os bombardeios a posições da organização extremista "Estado Islâmico" (EI) na fronteira do país com a Síria, em resposta a ataques lançados contra seu território.
Militares turcos reforçam as ofensivas na fronteira com a Síria
Dois morteiros atingiram a cidade de Karkamis, no sudeste do país, localizada próxima à localidade síria de Jarablos, sob poder dos jihadistas. As forças turcas lançaram em torno de 60 projéteis de artilharia contra quatro posições do EI.
As escaramuças se intensificaram após um atentado suicida a um casamento na cidade turca de Gaziantep, na fronteira com a Síria, que matou 54 pessoas no último sábado.
A Turquia atribuiu inicialmente o ataque a uma criança ligada ao EI, que teria agido em retaliação às ofensivas de milícias curdas e grupos rebeldes apoiados por Ancara contra alvos jihadistas no território sírio.
Na segunda-feira, porém, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, afirmou que essas informações eram equivocadas, e que o governo "não tem pistas" sobre quem seria o responsável pelo ataque.
O ministro turco do Exterior, Mevlut Cavusoglu, afirmou que o EI deve ser "completamente eliminado" da região de fronteira. "Estamos prontos para fazer todo o necessário para tal", afirmou.
Segundo a organização Observatório Sírio dos Direitos Humanos e fontes de milícias de oposição ao regime de Damasco, centenas de rebeldes sírios apoiados por Ancara se preparam do lado turco da fronteira para lançar uma ofensiva terrestre sobre Jarablos.
Na segunda-feira, a artilharia turca já havia bombardeado posições da principal milícia curda no território sírio, o Partido da União Democrática (PYD), e do EI no norte do país vizinho.
Ancara acusa o PYD de organizar ataques na Turquia, em colaboração com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), organização que o governo considera como terrorista.
Ataque em casamento
A Turquia prometeu “limpar completamente” a sua região de fronteira dos militantes do Estado Islâmico após um atentado suicida a bomba, cujo autor é suspeito de ter ligações com o grupo, haver matado 54 pessoas, incluindo 22 crianças, durante um casamento curdo.
O ataque de sábado na cidade de Gaziantep, no sudeste turco, foi o mais mortal registrado na Turquia neste ano. O presidente Tayyp Erdogan disse no domingo que o autor do ataque suicida a bomba tinha entre 12 e 14 anos de idade, acrescentando que as evidências iniciais apontavam para o Estado Islâmico.
O primeiro-ministro Binali Yildirim, entretando, disse a jornalistas em Ancara nesta segunda-feira ser ainda muito cedo para determinar a organização responsável ou se o ataque havia sido realizado por uma criança.
Uma importante autoridade da área de segurança afirmou à Reuters que o dispositivo usado era do mesmo tipo do empregado no ataque suicida de julho de 2015 na cidade fronteiriça de Suruc e no atentado suicida a bomba de outubro de 2015 num comício de ativistas em prol dos curdos em Ancara.
O Estado Islâmico foi responsabilizado pelas duas ações. O grupo tem atacado os curdos num aparente esforço para intensificar ainda mais as tensões étnicas já acirradas pela longa insurgência curda. O ataque de Ancara foi a ação mais mortal desse tipo na Turquia, com mais de cem mortes.
– O Daesh deve ser limpado completamente das nossas fronteiras, e nós estamos prontos para fazer o que for necessário para isso – declarou o ministro do Exterior, Mevlut Cavusoglu, em entrevista em Ancara, usando um nome árabe para o grupo.
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