Zika provoca atrofia dos testículos, diz estudo

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Publicado Sexta, 24 de Fevereiro de 2017 às 06:31, por: CdB

Cientistas norte-americanos concluem que agente infeccioso continua presente nos testículos mesmo após deixar a corrente sanguínea. Vírus afeta níveis de testosterona e pode impactar a fertilidade dos homens

Por Redação, com DW - de Nova York/Brasília:

Um estudo publicado nesta semna pela revista especializada Science Advances sugere um forte impacto do vírus zika no sistema reprodutivo masculino. A partir de testes em ratos, cientistas da Universidade de Yale concluíram que o zika provoca diminuição dos níveis de testosterona e atrofia dos testículos.

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Vírus zika provoca atrofia dos testículos

– Foi reportado que o vírus da zika podia ser detectado no sêmen por períodos prolongados depois da infecção no ser humano. Portanto, pensamos na hipótese de que o vírus possa se replicar nos testículos. E a comprovamos usando um modelo com ratos – explicou à agência Efe Ryuta Uraki, pesquisador que coordenou o estudo.

Os cientistas infectaram ratos e notaram que o vírus desaparecia do sangue dos animais após 21 dias, mas ainda estava presente nos testículos, que haviam encolhido "significativamente". Segundo Uraki, isso seria um indício de que as células morreram depois da infecção.

Assim como o da dengue, o vírus zika é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti e costuma causar febre leve, erupções na pele, conjuntivite e dores musculares, além de estar relacionado com más-formações congênitas em fetos cujas mães são infectadas durante a gravidez.

Picada do mosquito infectado

Uraki também afirmou que, embora se acredite que o vírus se espalha principalmente por meio da picada do mosquito infectado. É preciso levar em conta o risco da transmissão sexual.

O pesquisador afirma que, após a infecção, "o esperma tem uma capacidade de movimento reduzida. O que poderia diminuir a fertilidade". Por terem utilizado ratos, contudo, os cientistas ainda precisam saber se suas conclusões também se aplicam aos seres humanos.

– Como seres humanos com um sistema imunológico totalmente funcional também demonstram uma infecção persistente do zika nos testículos.

Estas descobertas têm grandes implicações para a fertilidade dos homens que foram expostos ao vírus, afirma o estudo. "Será importante controlar a fertilidade dos homens que foram infectadas com o zika para compreender melhor o impacto nos seres humanos." 

Os especialistas também querem saber por que o vírus zika permanece presente nos testículos e por que o sistema imunológico não consegue eliminá-lo no local.

Dados

A Secretaria de Saúde de Minas anunciou que passará a divulgar boletins epidemiológicos apenas duas vezes por semana, às terças-feiras e às sextas-feiras. Até agora, segundo os dados da semana passada, Minas Gerais soma 1.012 notificações para febre amarela. Destes, 57 foram descartadas e 220 são casos confirmados. As mortes que tiveram confirmação para a doença são 78. Mais 96 mortes continuam sendo investigadas.

A febre amarela é causada por um vírus da família Flaviviridae e ocorre em alguns países da América do Sul, América Central e África. No meio rural e silvestre. Ela é transmitida pelo mosquito Haemagogus.

Já em área urbana, o vetor é o Aedes aegypti, o mesmo da dengue, do vírus zika e da febre chikungunya. Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão da febre amarela no Brasil não ocorre em áreas urbanas desde 1942. Até o momento, nenhum dos casos em Minas Gerais são considerados urbanos pelos órgãos públicos.

O surto atual já registra casos confirmados em 42 municípios mineiros. Em mais 84 cidades do estado há pacientes com suspeitas. A principal medida de combate à doença é a vacinação da população.

O imunizante é ofertado gratuitamente nos postos de saúde por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). A aplicação ocorre em dose única, devendo ser reforçada após dez anos. No caso de crianças, o Ministério da Saúde recomenda a administração de uma dose aos 9 meses e um reforço aos 4 anos.

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