Caso do cartão corporativo complica situação de Bolsonaro

Arquivado em:
Publicado Segunda, 23 de Janeiro de 2023 às 13:44, por: CdB

As compras que abasteciam a residência oficial contrastam com a imagem de Bolsonaro nas redes sociais, onde já apareceu preparando o café em meio a uma pia com louças sujas e comendo pão com leite condensado numa mesa sem toalha ou pratos. Com a escalada da inflação, Bolsonaro justificou que os brasileiros estavam comendo demais. Agora, responderá na Justiça.

Por Redação - de Brasília
Em qualquer um dos passeios ou motociatas da qual participou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele se fazia acompanhar por até 300 militares, a um custo médio de R$ 100 mil para os cofres públicos. Os dados foram obtidos pela mídia conservadora a partir das notas fiscais que descrevem gastos com seu cartão corporativo. Os gastos são alvo de análise por parte dos órgãos de fiscalização do governo.
bolsonaro-1.jpeg
Sem patrocínio do cartão corporativo desde que perdeu a eleição, Bolsonaro não tem mais participado das motociatas ao lado de seguidores
Foram mais de dois mil documentos classificados como reservados, anexados na prestação de contas do cartão corporativo. Até então, apenas o somatório dos gastos com esse método de pagamento era divulgado, sem a identificação do que foi adquirido. As notas fiscais das compras feitas com cartão corporativo também revelam a discrepância entre o discurso e a prática do inquilino do Palácio do Planalto. Enquanto mostrava em público, diante das câmeras, um Bolsonaro que comia churrasquinho com farofa, cachorro-quente e pastel, na residência oficial o cardápio era muito diferente. Bolsonaro e os seus convivas saboreavam desde cortes nobres de carne, frutas e verduras de um famoso mercado gourmet; além de camarão e bacalhau.

Pescados

Entre os demais presidentes, Bolsonaro foi o único que tentou passar uma imagem de austeridade, quando praticava exatamente o contrário. O então presidente disse 15 vezes em transmissões ao vivo, pela internet, que não utilizava cartão corporativo como método de pagamento. No dia 7 de junho de 2019, foram comprados 6,3 kg de picanha Maturatta, 15 kg de filé mignon sem cordão e ainda peças de costela defumada, batata palha, potes de palmito e azeitona. A conta deu R$ 1.443,07, com R$ 147,28 em descontos. Os pescados também aparecem na lista de compras da residência oficial. Em abril de 2019 foram adquiridos 4,2 kg de camarão rosa, 7,2 kg de bacalhau e 10,8 kg de filé de robalo ao preço de R$ 2.241,55. No intervalo de um ano foram ao menos 14 compras de picanha, 47 de mignon e 15 de bacalhau. Essas despesas eram frequentes – às vezes mais do que uma vez na semana. As compras que abasteciam a residência oficial contrastam com a imagem de Bolsonaro nas redes sociais, onde já apareceu preparando o café em meio a uma pia com louças sujas e comendo pão com leite condensado numa mesa sem toalha ou pratos. Com a escalada da inflação, Bolsonaro justificou que os brasileiros estavam comendo demais.

Processos

Na mira de investigações tanto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente pode ver o desfecho de parte das ações de que é alvo ainda neste semestre. Integrantes do TSE querem acelerar julgamentos e buscam analisar até o meio do ano processos que podem tornar o ex-chefe do Executivo inelegível — ou seja, proibido de disputar eleições. Uma nova frente de investigações também pode ser aberta contra o ex-chefe do Executivo neste ano. A Advocacia Geral da União (AGU) avalia os gastos do cartão corporativo para verificar se houve uso indevido da máquina pública. Advogados próximos do PT apontam desconfianças sobre alguns gastos que se tornaram públicos. Eles dizem ser preciso averiguar se o uso do cartão para abastecimento e compras excessivas em padarias em períodos próximos a motociatas pode configurar uso ilícito de dinheiro público em ação de pré-campanha.
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo