Cerco sobre participação do clã Bolsonaro se fecha sobre ‘rachadinha’

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Publicado Quinta, 25 de Março de 2021 às 11:59, por: CdB

O Judiciário quebrou o sigilo bancário de seis servidores, uma vez que todos eles figuram no inquérito da "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro quando o parlamentar ocupava um cargo na Alerj antes de ser eleito para o Senado. 

Por Redação - do Rio de Janeiro
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Flávio e Carlos Bolsonaro, filhos do presidente, estão cada vez mais envolvidos em processos no STF

As investigações quanto ao possível envolvimento do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), chamado em família de ’01’; o irmão dele, o ’02’, vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o pai de todos eles, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), no esquema conhecido como ‘rachadinha’ avançaram, nesta quinta-feira, com a denúncia de saques milionários, em dinheiro vivo, destinados às contas bancárias do clã.

Funcionários do gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, ainda em 2007, sacaram ao menos 90% dos salários que receberam quando se tornaram, anos depois, assessores de Flávio e Carlos Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e na Câmara Municipal do Rio. Os suspeitos receberam salários na ordem de R$ 1,58 milhão e sacaram, em dinheiro vivo, ao menos R$ 1,41 milhão.

O Judiciário quebrou o sigilo bancário desses seis servidores, uma vez que todos eles figuram no inquérito da "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro quando o parlamentar ocupava um cargo na Alerj antes de ser eleito para o Senado. Um deles é a filha de Fabrício Queiroz, Nathália Melo de Queiroz, que consta ainda em outros inquéritos policiais.

Parentes

Entre os funcionários com ligações familiares próximas ao clã Bolsonaro consta, ainda Juliana Siqueira Guimarães Vargas, prima de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda ex-mulher de Bolsonaro. Juliana foi funcionária na Câmara dos Deputados entre os anos de 1999 e 2003. Foi trabalhar com Flávio Bolsonaro na Alerj, em seguida, onde permaneceu por oito anos, até 2011. Entre 2007 e 2011, Juliana recebeu R$ 326 mil da Alerj, entre salários e benefícios. Sacou pelo menos R$ 244 mil (75%).

Entre os ex-assessores citados na investigação constam, ainda, os dois primeiros sogros de Bolsonaro: João Garcia Braga, pai de Rogéria Bolsonaro, primeira mulher do atual presidente, e José da Silva Valle, pai de Ana Cristina. Na lista, ainda está Marselle Lopes Marques, amiga de Ana Cristina.

João Garcia, José da Silva e Marselle foram nomeados, inicialmente, por Jair Bolsonaro, na Câmara de Deputados e de lá transferidos para o gabinete do ’01', na Alerj. Nos três casos, o percentual de saques em dinheiro vivo, nos salários, é superior a 90%.

‘Fantasia’

A defesa de Ana Cristina afirmou que"não vai se manifestar tendo em vista o sigilo do processo". "No entanto, como já informado anteriormente, não podemos deixar de repudiar o vazamento de tais informações que foram consideradas nulas pelo Superior Tribunal de Justiça”, acrescentou.

Em outra nota, o advogado Frederick Wassef, que representa Flávio Bolsonaro, afirmou que o parlamentar "nunca monitorou os hábitos financeiros e de consumo dos servidores que trabalharam em seu gabinete na Alerj”.

"A forma como administravam as próprias contas era responsabilidade apenas deles. Seria no mínimo absurdo o parlamentar fazer tal tipo de controle e, portanto, não passa de fantasia a ideia de que houve rachadinha em seu gabinete”, argumentou Wassef, que chegou a esconder o pai de Nathália em um sítio na cidade paulista de Atibaia, para que não fosse encontrado pela polícia.

Investigações

O Ministério Público Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ) mantém um inquérito em andamento para apurar se o senador Flávio Bolsonaro integrou o esquema da “rachadinha”, na Alerj; além de possíveis ligações com a milícia armada que domina parcela do território fluminense. O filho ’01' denunciado junto com Queiroz, preso em junho do ano passado no imóvel de Wassef. Flávio e Queiroz são acusados de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Queiroz é acusado, ainda, de movimentar R$ 1,2 milhão em sua conta de maneira considerada "atípica", segundo relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) e as evidências foram mantidas por ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que não encontrou qualquer ilegalidade na forma e amplitude como o Coaf compartilhou dados fiscais sigilosos do senador com os promotores.

Os dados repassados do Coaf ao MPE-RJ foram decisivos para o conjunto das investigações sobre as chamadas ‘rachadinhas’.

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