Coreia do Norte lança novo míssil balístico

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Publicado Quarta, 29 de Novembro de 2017 às 08:22, por: CdB

Pyongyang garante que projétil do tipo intercontinental é capaz de alcançar "todo o território dos Estados Unidos" e China exige diálogos diplomáticos. Para Trump e Moon, disparo representa grave ameaça ao mundo inteiro

Por Redação, com DW – de Seul:

A Coreia do Norte lançou um novo míssil em direção ao leste, segundo comunicaram as Forças Armadas da Coreia do Sul. O governo dos Estados Unidos disse se tratar de um míssil balístico intercontinental (ICBM), que acabou caindo no Mar do Japão. A China, principal aliada de Pyongyang, expressou "grave preocupação" e urgiu por diálogos diplomáticos.

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TV sul-coreana mostra trajetória do novo míssil, que voou cerca de mil quilômetros antes de cair nas águas próximas ao Japão

Segundo o Estado Maior Conjunto sul-coreano, o projétil foi disparado a partir das imediações de Pyongsong; na província de Pyongan do Sul, ao norte da capital norte-coreana, Pyongyang. A localização foi confirmada pelas autoridades americanas.

Horas após o lançamento, a emissora estatal norte-coreana KCTV anunciou que o projétil é um novo modelo do míssil balístico intercontinental, batizado Hwasong-15, e que é capaz de alcançar "todo o território dos Estados Unidos".

Como é praxe em situações importantes para o regime, a veterana apresentadora Ri Chun-hee anunciou em tom solene o "bem sucedido" lançamento que "Kim Jong-un autorizou e testemunhou pessoalmente", e que foi o primeiro de Pyongyang após dois meses e meio.

Em um boletim especial, Ri detalhou que o míssil voou 950 quilômetros e alcançou um apogeu de 4.475 quilômetros de altitude, dados que estão em sintonia com os divulgados por Seul, Washington e Tóquio. Trata-se da maior altitude já atingida por um míssil norte-coreano, o que significa um novo e perigoso avanço no programa de armas de Pyongyang.

Considerando que o míssil foi lançado num ângulo muito aberto, alguns analistas avaliam que o projétil poderia ter percorrido, em um voo normal, mais de 13 mil quilômetros, suficiente para alcançar Washington ou qualquer parte continental dos EUA.

Minutos após o disparo norte-coreano, autoridades militares da Coreia do Sul disseram ter conduzido um teste de míssil balístico em resposta ao lançamento. Além disso, o governo em Seul convocou uma reunião do Conselho Nacional de Segurança para avaliar o ocorrido.

"Risco à paz mundial"

Em sua avaliação inicial, o Pentágono afirmou que o míssil voou cerca de mil quilômetros antes de cair nas águas próximas ao Japão. Também garantiu que o disparo não representou uma ameaça a territórios norte-americanos, como a ilha de Guam, no Oceano Pacífico.

Segundo o secretário norte-americano de Defesa, James Mattis, o míssil, que põe em "risco a paz mundial e regional"; alcançou uma altitude superior aos disparados por Pyongyang em testes anteriores.

O governo do Japão estima que o projétil tenha voado por cerca de 50 minutos antes de cair no mar; na chamada zona econômica exclusiva japonesa; segundo a emissora local NHK. Em comparação, um míssil norte-coreano lançado em agosto, que chegou a sobrevoar o Japão, ficou no ar por 14 minutos.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, afirmou em rede social que o presidente norte-americano, Donald Trump; "foi informado, quando o míssil ainda estava no ar, sobre a situação na Coreia do Norte". Em coletiva de imprensa ao lado de Mattis, o chefe de Estado garantiu que "cuidará" do caso.

Mais tarde, Trump conversou por telefone com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, para discutir uma resposta de ambos os países ao lançamento. Segundo a Casa Branca; na conversa, os líderes "ressaltaram a grave ameaça que a última provocação da Coreia do Norte representa" não só para Washington e Seul. "Mas para o mundo inteiro".

Reações

O lançamento desta terça-feira foi condenado por líderes mundiais e entidades estrangeiras. A China expressou "grave preocupação" e pediu conversações para resolver pacificamente a crise nuclear.

Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, Pequim "insiste fortemente" que a Coreia do Norte observe as resoluções da ONU e que "pare com as ações que aumentam as tensões na península coreana". A China espera que todos trabalhem por um "acordo pacífico", uma vez que uma opção militar não é a solução, acrescentou Geng.

O porta-voz disse que a proposta de Pequim para a Coreia do Norte congelar testes de armas em troca da suspensão dos EUA de seus exercícios militares na região foi a melhor abordagem para aliviar as tensões. Mas Washington rejeitou a proposta.   

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse se tratar de "mais uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, comprometendo a segurança regional e internacional".

Reação semelhante foi esboçada pela chefe da diplomacia da União Europeia; Federica Mogherini, que descreveu o disparo como "uma violação descarada das obrigações internacionais da Coreia da Norte"; disse uma porta-voz.

Já o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson; clamou para que líderes estrangeiros tomem novos passos para elevar a pressão contra Pyongyang; cujo programa nuclear e de mísseis representa uma "ameaça à paz internacional".

– Além de implementar todas as sanções das Nações Unidas já existentes; a comunidade internacional precisa adotar medidas adicionais para reforçar a segurança marítima; incluindo o direito de interditar o tráfego marítimo" em direção à Coreia do Norte – disse Tillerson em nota.

Moon também se pronunciou, classificando o teste vizinho de "provocação imprudente"; capaz de levar tensões já elevadas a níveis críticos. "A situação pode ficar fora de controle se o Norte completar o desenvolvimento de mísseis balísticos; que possam voar para um continente diferente", alertou.

– Precisamos evitar esse cenário em que o Norte erre o cálculo em certa situação; e nos ameace com armas nucleares; ou os EUA podem considerar um ataque preventivo (contra Pyongyang) – acrescentou o presidente sul-coreano. 

Japão

O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, que pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU; para tratar do assunto; afirmou que o teste norte-coreano é um "ato violento" que "nunca será tolerado". "Nunca cederemos a nenhum ato de provocação. Vamos maximizar nossa pressão" contra Pyongyang, acrescentou.

Após o pedido do governo em Tóquio, reforçado por Washington, o Conselho de Segurança; anunciou que uma reunião de emergência foi realizada na tarde desta quarta-feira em Nova York. Ao contrário de outras ocasiões semelhantes; o encontro na ONU ocorrerá a portas abertas.

Escalada norte-coreana

Este é o primeiro projétil que o regime norte-coreano lança em dois meses e meio. Em 15 de setembro, um míssil de alcance médio sobrevoou o norte do Japão antes de cair no mar.

Naquele mesmo mês, o país asiático havia anunciado que foi capaz de desenvolver e detonar uma bomba de hidrogênio compacta o suficiente para ser instalada num míssil balístico internacional, elevando ainda mais as tensões na região.

O lançamento

O lançamento de terça-feira ocorre uma semana após Washington ter anunciado; que decidiu recolocar Pyongyang na lista de países patrocinadores do terrorismo; em novo episódio da "campanha de pressão máxima" de Trump para isolar o regime em razão de sua atividade nuclear.

Em resposta, a Coreia do Norte descreveu a decisão norte-americana; que ainda amplia as sanções contra o país asiático, como "uma provocação séria e transgressão violenta".

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