Dólar supera R$4,18 e renova máxima em quase um ano

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Publicado Terça, 27 de Agosto de 2019 às 10:26, por: CdB

Alta se deve a declaração do presidente do BC que falou sobre a desvalorização do real e que está dentro do padrão normal

Por Redação, com Reuters - de São Paulo O dólar acelerava a alta contra o real nesta terça-feira, superando R$ 4,18 pela primeira vez desde setembro de 2018, com as compras ganhando força após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizer que a recente desvalorização da taxa de câmbio está dentro do padrão normal. - O real nos últimos dias tem tido desvalorização um pouquinho acima, mas está bem dentro do padrão normal - disse ele em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.
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O dólar estava cotado a 4,1596 reais na venda antes da fala de Campos Neto e no mesmo minuto saltou para R$ 4,1715
Para analistas, a fala de Campos Neto sinaliza que o BC pode não atuar de forma adicional para conter a depreciação do real. - Ele (Roberto Campos Neto) fez o mercado piorar com isso - disse um gestor. Nos últimos dias, cresceu o coro de analistas questionando a postura conservadora do BC no câmbio, percepção que segundo operadores tem dando mais força ao dólar, cuja razão primeira tem sido a incerteza externa. O dólar estava cotado a 4,1596 reais na venda antes da fala de Campos Neto e no mesmo minuto saltou para R$ 4,1715, alcançando uma máxima de R$ 4,1830 na venda. Na compra, a máxima foi de 4,1818 reais, maior nível intradia desde 17 de setembro de 2018 (R$ 4,2033 na compra). Às 12h41, a cotação no mercado à vista subia 0,88%, a R$ 4,1771 na venda. O dólar salta 9,4% ante o real em agosto, a caminho da maior valorização mensal desde julho de 2015, quando disparou 10,16%. - O real está se aproximando de seu próprio ponto de quebra. Esperamos altas para acima das máximas recentes, o que abriria espaço para uma aceleração (da valorização) a partir de agora - disse Mark Newton, analista técnico da Newton Advisors. O recorde de fechamento do Plano Real foi de 4,1957 reais na venda, marcado em 13 de setembro de 2018. O dólar tem sido usado como hedge por agentes de mercado após o diferencial de juros entre o Brasil e o mundo cair a mínimas recordes. Com isso, o custo de se manter comprado na divisa diminuiu. Além de incertezas sobre a guerra comercial no exterior e os mais recentes ruídos do lado político local, analistas têm aguardado sinais do BC sobre rolagens de 3,8 bilhões de dólares em linhas com compromisso de recompra, recursos que devem deixar o mercado no começo de setembro. Ibovespa O Ibovespa avançava mais de 1% nesta terça-feira, ensaiando uma melhora após três pregões de queda, tendo de pano de fundo um viés positivo em praças financeiras no exterior, embora ruídos domésticos e mesmo sinais contraditórios na cena internacional continuem adicionando volatilidade aos negócios. Às 11:01, o Ibovespa subia 1,33 %, a 97.713,3 pontos. O volume financeiro era de R$ 2,9 bilhões. Nos últimos três pregões, o Ibovespa acumulou queda de 4,7%. No exterior, Wall Street tinha uma sessão positiva, assim como o dólar recuava em relação a uma cesta de moedas, conforme permanecem as expectativas relacionadas a um desfecho nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e a China, apesar de sinais contraditórios de ambos os lados. Estrategistas da XP Investimentos observam que os mercados estão voláteis seguindo desenvolvimentos comerciais entre EUA e China, enquanto, na cena doméstica, observaram piora no ambiente político, o que não acreditam que possa atrapalhar a agenda de reforma, mas tende a adicionar ruído. Entre os vetores para tal piora local, agentes de mercado citaram principalmente relatório da Polícia Federal a partir da delação de executivos da Odebrecht dizendo que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia(DEM-RJ), cometeu corrupção, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Em nota, Maia reafirmou que todas as doações recebidas em suas campanhas eleitorais “foram solicitadas dentro da legislação, contabilizadas e declaradas à Justiça”.
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