O tão propalado “Estado Democrático de Direito”, é uma construção muito frágil, principalmente em países cujo capitalismo insiste em não ter “limitações” para a sua expansão.
Por Wellington Duarte– de Brasília
Adjetivar Bolsonaro é fácil. Tudo que se refere a um comportamento vil se encaixa bem nessa figura patética, que expressa o que é nossa “elite”, que prefere ver o país mergulhar no caos, desde que se assegurem as suas condições de reprodução. Portanto quando o presidente fala sobre algum evento ou alguma coisa, podemos estar certos de que ou vem besteira, ou alguma coisa sombria.Forças armadas
Nada a estranhar de um presidente que claramente se abriga no apoio das forças armadas e de segurança, em detrimento dos mais de 200 milhões de braZileiros, dando-lhes mimos e toda a sorte de privilégios, reforçando seu corporativismo e, por conseguinte, estimulando os setores mais radicalizados dessas forças a cometerem atos de selvageria. Aliás o ministro da Justiça, Anderson Torres, disse “não ter nada a dizer” sobre o lamentável de Sergipe, assim como em todos os episódios que envolveram atos de barbárie das forças de segurança. Uma coisa que salta aos olhos, com todos esses episódios e com o comportamento dessas forças, é a de que o tão propalado “Estado Democrático de Direito”, é uma construção muito frágil, principalmente em países cujo capitalismo insiste em não ter “limitações” para a sua expansão. Bastou que um fascista se apresentasse como candidato a presidente e, com o apoio direto e indireto de vasto segmento da burguesia nacional, fosse eleito, tornando o país um vasto laboratório para que as ideias mais abjetas fossem postas em prática. O liberalismo foi massacrado nesse processo e que fez e faz a resistência são os setores mais progressistas que, nesse momento, buscam um pacto com o liberalismo mais moderado e até com o conservadorismo republicano, para que o “Estado Democrático de Direito” seja recomposto, o que é uma ironia própria do movimento dialético das forças sociais.Delírio fascista
Infelizmente teremos que ver e ouvir o presidente falar e agir como um celerado, buscando o confronto, movido por um delírio fascista, e os efeitos são e serão devastadores para a imensa maioria dos trabalhadores, já que recompor o ordenamento constitucional pode ser até conseguido caso a candidatura de Lula seja vitoriosa e que, a partir de janeiro de 2023 voltemos ao ambiente em que possamos novamente debater sem necessariamente querer exterminar seu adversário, mas recuperar a economia será muito mais doloroso do que se imagina, e os mais pobres sofrerão os efeitos amargos, por anos, o que leva a necessidade de lembramos o que significa ter um fascista na presidência.Wellington Duarte, é professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Gande do Norte - UFRN, doutor em Ciência Política e presidente do Sindicato dos Professores da UFRN (ADURN-sindicato).
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