‘Gabinete do ódio’, com apoio do governo, lança ataques virtuais contra integrantes da CPI da Covid

Arquivado em:
Publicado Quinta, 29 de Abril de 2021 às 12:12, por: CdB

Mensagens de parlamentares investigados pelo STF no inquérito das fake news também estiveram entre as publicações mais compartilhadas nas redes sociais, nas primeiras 24 horas após a abertura dos trabalhos da comissão, na última terça-feira, segundo levantamento da consultoria Crowdtangle.

Por Redação - de Brasília

Os senadores independentes ou de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido) que integram a CPI da Covid denunciaram, nesta quinta-feira, uma série de ataques virtuais orquestrados pelo “gabinete do ódio”, grupo mantido pela máquina pública para atacar adversários do presidente, e demais milícias digitais ligadas à ultradireita. Os ataques incluem desde a divulgação de notícias falsas, frases descontextualizadas e até ameaças aos parlamentares.

mandetta-1.jpg
Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta foi alvo de 'dossiê' formulado pelas milícias digitais que agem sob a proteção do governo Bolsonaro

Alguns senadores também denunciaram, nesta manhã, o encaminhamento de “dossiês” apócrifos contra desafetos do governo, como o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta.

— Você não imagina quantas mensagens grosseiras eu recebi ao longo desses dias. Ameaças perguntando se eu gostava da minha família, xingamentos. É um volume atípico, com robôs. Pagam para fazer isso — aponta o senador Otto Alencar (PSD-BA), que integra a comissão.

Tropa virtual

Mensagens de parlamentares investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news também estiveram entre as publicações mais compartilhadas nas redes sociais, nas primeiras 24 horas após a abertura dos trabalhos da comissão, na última terça-feira, segundo levantamento da consultoria Crowdtangle. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que entrou na Justiça para barrar a indicação do senador Renan Calheiros (MDB-AL) como relator da CPI, é um dos destaques no comando da tropa virtual bolsonarista.

O assessor especial da presidência Tércio Arnaud Tomaz, um dos líderes do chamado “gabinete do ódio”, também é apontado como um dos autores dos ataques virtuais. Numa das publicações, ele usa o termo “genocida” para se referir a Mandetta.

No início da pandemia, o então ministro da Saúde orientou que os pacientes com sintomas leves da doença ficassem em casa. Naquele momento, as autoridades sanitárias orientavam que apenas os doentes graves procurassem atendimento hospitalar. A mensagem do assessor de Bolsonaro teve mais de 10 mil compartilhamentos.

‘Tiro no pé’

Diante do fracasso na atuação do grupo governista, os ataques aos senadores foi mais um “tiro no pé“ do próprio governo, segundo análise do senador Humberto Costa (PT-PE). Ele pediu a convocação de Tomaz e outros dois assessores de Bolsonaro também suspeitos de participar do “gabinete do ódio”, o que ocorrerá no decorrer dos trabalhos da CPI.

Renan também mobilizou sua equipe para produzir “relatórios periódicos” sobre os conteúdos veiculados nas redes sociais. Sua intenção é que “ninguém seja influenciado pelo gabinete do ódio” e que os senadores “não apanhem calados”.

Digitais do Planalto

Da mesma forma, os dossiês contra Mandetta contém as digitais do Palácio do Planalto. De acordo com três senadores que receberam envelopes contendo dados relativos à gestão do ex-ministro afirmam que “apenas pessoas com acesso a informações internas do governo poderiam produzi-los”.

Na outra ponta, a assessora especial da Secretaria de Assuntos Parlamentares da Presidência  Thais Amaral Moura, é apontada como autora de requerimentos preparados pelos senadores governistas Ciro Nogueira (Progressistas-PI) e Jorginho Melo (PL-SC) na CPI. O nome dela aparece como autora no registro dos arquivos apresentados pelos parlamentares.

Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo