A crise se aprofunda no Equador, e a Rede em Defessa da Humanidade, formada por intelectuais, artistas e movimentos sociais divulga um alerta sobre o endurecimento do governo neoliberal de Lenin Moreno e o aumento da repressão policial e militar contra os manifestantes.
Por José Carlos Ruy - de São Paulo
Lenin Moreno tomou posse em 2017 e traiu a "revolução cidadã" iniciada pelo presidente Rafael Corrêa, do qual havia sido vice-presidente e que apoiou sua eleição naquele ano. No governo, Moreno abandonou o programa de reformas políticas que favoreciam o povo e a nação e, a pretexto de combater a corrupção, impôs ao país um programa neoliberal radical, com medidas antinacionais, antipopulares e antidemocráticas.Os protestos
Mais 300 pessoas foram presas durante os protestos. Num enorme desafio para o governo, os trabalhadores e manifestantes mantêm, aprofundam e generalizam sua luta contra as medidas neoliberais impostas por Lenin Moreno. Várias estradas - entre as principais do país - estão bloqueadas por manifestantes que usam pedras, paus e a queima de pneus . Foi neste quadro de radicalização e aprofundamento da resistência contra as medidas neoliberais do governo, que a Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade divulgou, na sexta-feira, o documento "Alerta sobre o Estado de Exceção no Equador", onde denuncia as arbitrariedades antidemocráticas de Lenin Moreno e apela à "comunidade internacional, em particular para instâncias internacionais e defensores de direitos e democracia, sobre a grave violação dos direitos humanos e dos direitos coletivos que é evidente no Equador, após a declaração de um estado de exceção do Presidente Moreno, por um período de 60 dias". E manifesta preocupação com "o escopo da violenta repressão policial e militar desencadeada: em um único dia de mobilizações pacíficas de cidadãos (3 outubro 2019) deixou o saldo de mais de trezentas pessoas presas, numerosos feridos e um país militarizado, especialmente se for de um Estado que seja constitucionalmente reconhecido como um país soberano e de paz", contra a campanha da mídia patronal que distorce e criminaliza a resistência antineoliberal. "Por isso, pedimos o retorno urgente às instituições democráticas no Equador, a imediata derrogação do estado de exceção e o respeito pelo legítimo direito do povo de expressar, defender seus direitos e a soberania do país".José Carlos Ruy, é jornalista e historiador, é autor de Biografia da Nação – História e Luta de Classes.
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