Notas fiscais duvidosas integram processo que mantém Lula preso

Arquivado em:
Publicado Domingo, 22 de Abril de 2018 às 12:38, por: CdB

Após o Movimento Brasil Sem Medo ocupar tríplex, no Guarujá, fica constatado que reforma foi uma fraude. Nenhum dos serviços e produtos supostamente contratados foi entregue, de fato.

 

Por Redação - de São Paulo

 

As notas fiscais emitidas por empresas, algumas de Curitiba, para justificar a reforma inexistente no apartamento tríplex, no Guarujá, litoral paulista, e servir de base para a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontam para uma fraude processual. 

protesto-mtst.jpg
Militantes do MTST ocuparam o tríplex, no Guarujá, e constataram que nenhuma melhoria foi realizada no local que justificasse a prisão do ex-presidente Lula Ipsis Literis do processo contra Lula. Clique na imagem, para aumentar

As notas fiscais foram emitidas pela empresas Talento Construtora, GMV Latino America Elevadores, TNG Elevadores e Kitchens Cozinhas e Decorações. As duas primeiras têm sede na capital paranaense. O funcionamento do elevador, a cozinha planejada ou as obras de alvenaria não foram constatados pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ao ocupar o imóvel, na semana passada.

“O complô formado no interior da estrutura judicial para levar a cabo a operação 'Inquisição' contra o Lula não teve sequer mínimos cuidados para disfarçar. Quer dizer, o Lula está preso por conta de reforma que não houve, levada a cabo por empresas de Curitiba em um apartamento no Guarujá”, escreve uma internauta.

Lava Jato

“Todas as empresas têm pagina no Facebook. Como não confio no Judiciário, fui pessoalmente questioná-las. Afinal, seja pela emissão de notas falsas, seja pela não entrega de serviços cobrados, é importante tirar isso a limpo. Convido todos a fazerem o mesmo (como tem empresa que já bloqueou as avaliações, a alternativa agora é postar a avaliação pelo Google)”, acrescenta.

Ainda na publicação, são transcritos trechos da sentença do juiz Sérgio Moro, titular da Operação Lava Jato.

"381. Os custos da reforma atingiram R$ 1.104.702,00 e incluíram a instalação de elevador privativo no apartamento triplex, cozinhas, armários, readequação de dormitórios, retirada da sauna, ampliação do deck da piscina e até compra de eletrodomésticos. (…)

Elevador

lula-processo.jpg

385. Ali se encontram a Nota Fiscal 423, no valor de R$ 400.000,00, emitida em 08/07/2014, a Nota Fiscal 448, no valor de R$ 54.000,000, emitida em 18/08/2014, a Nota Fiscal 508, no valor de R$ 323.189,13, emitida em 18/11/2014. Todas elas foram emitidas contra a OAS Empreendimentos e têm por objeto "execução de obra de construção civil, localizada no endereço Rua General Monteiro de Barros, 638, Vila Luiz Antônio, Guarujá, SP". Total de cerca de R$ 777.189,00.


386. Também ali encontram-se planta para reforço metálico do térreo do apartamento triplex, cobertura; no Edifício Mar Cantábrico, a Nota Fiscal 8542 emitida, em 15/09/2014, pela GMV Latino America Elevadores contra a Tallento, no valor de R$ 798,00; relativamente à venda de óleo para elevador.

Três paradas

A Nota Fiscal 8545, emitida, em 16/09/2014, pela GMV Latino America Elevadores contra a Tallento; no valor de R$ 47.702,00, relativamente à venda de elevador; a Nota Fiscal 103, emitida, em 20/10/2014, pela TNG Elevadores contra a Tallento, no valor de R$ 21.200,00; relativamente a serviços de instalação de elevador, com três paradas; na "obra solaris, Guarujá". Esses serviços e obras contratadas pela Tallento foram incluídos nos preços cobrados desta para a OAS Empreendimentos. (…)


389. Além da reforma realizada pela Tallento Construtora no apartamento 164-A, a OAS Empreendimentos contratou a Kitchens Cozinhas e Decorações para a colocação de armários e móveis na cozinha; churrasqueira, área de serviços e banheiro, no montante de R$ 320.000,00”.

“No mesmo processo, porém; os laudos da perícia da PF no triplex do Guarujá atestam que o apartamento estava abandonado e que nunca foi ocupado”, acrescenta a professora paulista Mara Rocha, em sua página de uma rede social.

Fraude

“Não existe elevador dentro do apartamento e nem área gourmet. Mesmo quando Lula afirma que não é proprietário. Inicialmente D. Marisa (Letícia, primeira-dama já falecida) pagou algumas cotas do apartamento, ainda na planta e desistiu da aquisição; por considerá-lo inadequado para a família. Mesmo quando o registro de propriedade encontra-se no nome da OAS. Enfim, a verdade aparece. Mesmo assim, apesar de todas as evidências Sergio Moro mantém Lula preso; num processo fraudulento dos quais ele é o principal articulador”, acrescentou.

Em carta à Redação do Correio do Brasil, nesta terça-feira, a internauta se identifica como Aline Diniz Amaral e retifica o que disse; em relação à existência do elevador no tríplex. Em nota, o CdB respondeu a Aline Amaral:

"Constatamos que a senhora errou ao afirmar que não existia tal equipamento instalado e publicamos uma segunda matéria sobre as referidas Notas Fiscais. Mas seguimos adiante com algumas dúvidas pertinentes acerca do citado elevador. Nenhum laudo aponta que ele esteja em funcionamento. O que resta provado, até agora, é a existência de um espaço para tanto e uma caixa de aço decorada com botões de preços duvidosos. Em nenhuma inspeção oficial a que a reportagem teve acesso há registro de uma casa de máquinas. Pode até ser que exista, mas não localizamos qualquer relatório sobre o seu funcionamento. Os preços cobrados por serviços supostamente realizados no apartamento também são alvo de dúvidas, uma vez que, mesmo nos laudos periciais, há lacunas quanto aos equipamentos instalados na propriedade".

Moro aceitou que o processo fosse baseado em uma notícia veiculada no Jornal Nacional; da Rede Globo. A matéria citava as referidas notas fiscais como suposta prova do envolvimento do ex-presidente no caso do tríplex.

Matéria atualizada nesta terça-feira, 24 de abril de 2018, para inserção de fatos novos.
Tags:
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo