Novos vazamentos revelam acordo secreto entre Moro e Bolsonaro

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Publicado Quarta, 12 de Junho de 2019 às 11:39, por: CdB

Segundo o jornalista Glenn Greenwald, editor-chefe da Intercept, há ainda um enorme volume de conversas e mensagens de Sérgio Moro e seus colaboradores.

 
Por Redação - de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo
  A nova etapa da série de reportagens publicadas na agência norte-americana de notícias Intercept Brasil revelará que o hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o então presidenciável Jair Bolsonaro, há meio ano no poder, tramaram contra a democracia brasileira, com o total apoio da mídia conservadora. Em entrevistas, nesta quarta-feira, o jornalista norte-americano Glenn Greenwald afirmou que, em mensagens ainda inéditas, o então juiz federal Sergio Moro relatou convite do hoje presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), para o Ministério da Justiça, do qual Moro hoje é titular, antes mesmo de vencer a eleição.
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O jornalista Glenn Greenwald aponta o conluio da mídia com o então juiz Sérgio Moro
Segundo Greenwald, editor-chefe da Intercept, há ainda um enorme volume de conversas e mensagens de Sérgio Moro e seus colaboradores, que começaram a ser divulgadas no escândalo chamado Vaza Jato. — É incrível porque, para mim, o tempo todo, a grande mídia não estava reportando sobre a Lava Jato, ela estava trabalhando para a Lava Jato — disse Greenwald à agência brasileira de notícias Pública.

Conexões

As matérias a serem publicadas, segundo o jornalista, revelarão as conexões criminosas entre a Lava Jato e os veículos de comunicação ligados ao capital internacional. Greenwald, após a publicação das primeiras reportagens, tem sido ameaçado de morte. — Se você não quer esses riscos, você não deve fazer jornalismo — afirma Glenn Greenwald sobre a série do Intercept Brasil que revelou no último domingo trocas de mensagens nada republicanas entre o então juiz federal Sérgio Moro e a força-tarefa da Lava Jato. As revelações, frutos de documentos enviados por uma fonte anônima, podem ter influenciado os rumos das últimas eleições no país e seu conteúdo dinamitou uma série de reações em todas as esferas de poder e da opinião pública. — Quando a grande mídia transforma Moro e a força tarefa em deuses ou super heróis, torna-se inevitável o que aconteceu. Os jornalistas pararam de investigar e questionar a Lava Jato e simplesmente ficaram aplaudindo, apoiando e ajudando — afirmou.

Conversas

Segundo Greenwald, as exceções seriam o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo e jornais independentes. — Quando você recebe um arquivo gigante, é muito difícil, num primeiro momento, entender o que você tem e o contexto dos documentos que estão nesse arquivo. Segundo, quais os principais documentos que você vai usar, porque, obviamente, estamos lendo conversas privadas entre pessoas, e tem a questão do direito à privacidade. Mas essas pessoas estão usando o poder público, então também precisam de transparência, exatamente o que eles fizeram quando interceptaram e divulgaram as conversas privadas do Lula — acrescentou. Ainda segundo o editor, “a estratégia da Globo é a mesma que os governos usam contra aqueles que revelam seus crimes”. — A Globo é sócia, agente e aliada de Moro e Lava Jato — denuncia.

Intercept

O resultado prático dos vazamentos, no entanto, já podem ser percebidos nas análises de juristas internacionais, que concluem pela nulidade dos processos julgados por Moro. Em entrevista à agência russa de notícias Sputnik Brasil, o advogado criminalista Yuri Sahione diz que a posição de Moro não é adequada a um magistrado. — Claramente mostra que há sim uma torcida, uma interferência, uma comunhão de esforços para alcançar um objetivo comum. Então nesse caso está evidenciado que houve afastamento do magistrado da posição de imparcial, para que ele possa se distanciar da acusação — afirmou. Tanto o chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, o procurador da República no Paraná Deltan Dallagnol, como o ministro Moro disseram ter sido alvos de uma invasão criminosa de seus celulares e negaram qualquer irregularidade na troca de mensagens. Para Yuri Sahione, contudo, as mensagens reveladas pelo Intercept têm, sim, o poder de anular a condenação "do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros réus citados nas mensagens”. — Me parece a prova material, a prova cabal dos argumentos que a defesa do ex-presidente Lula vem veiculando de que há uma situação de Lawfare, que é aquela em que o Estado se utiliza do sistema para prejudicar uma pessoa — afirmou.

Fato novo

De acordo com Yuri Sahione, mesmo o caso já tendo sido julgado em duas instâncias, isso não impede que seja anulado, já que as trocas de mensagens se constituem como um fato novo que ainda não havia sido apreciado. — Esse é um fato novo, nós não estamos considerando que esse já era um fato conhecido e que foi rejeitado pelas instâncias anteriores — concluiu.
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