Parcelas das Forças Armadas colocam governo em xeque por ameaças à democracia

Arquivado em:
Publicado Quarta, 26 de Fevereiro de 2020 às 13:36, por: CdB

A crítica do general Santos Cruz tornou público o desconforto de um grupo militar com a mesclagem cada vez maior entre as Forças Armadas e o governo Bolsonaro. Santos Cruz vocalizou o temor de a “instituição” ser confundida com posições extremadas do presidente e ataques a outros Poderes.

 
Por Redação - de Brasília
Ex-secretário de governo, no Palácio do Planalto, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz chamou de irresponsável o uso de imagens de militares nas convocações à manifestação golpista marcada para o dia 15 de março.
general-santos-cruz.jpg
O general Santos Cruz, que já exerceu comando de tropas brasileiras no Haiti, pelas Nações Unidas, hoje se posiciona contra o ex-capitão Bolsonaro
Em sua conta, no Twitter, Santos Cruz afirmou, na véspera, que o Exército é uma “instituição de Estado” e confundi-lo com assuntos temporários de governo é “usar de má fé, mentir e enganar a população”.

‘Irresponsável’

A crítica do general Santos Cruz tornou público o desconforto de um grupo militar com a mesclagem cada vez maior entre as Forças Armadas e o governo Bolsonaro. Santos Cruz vocalizou o temor de a “instituição” ser confundida com posições extremadas do presidente e ataques a outros Poderes, diz um interlocutor ao diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo. Outros três generais “importantes e influentes fecham posição com Santos Cruz. Um dos motivos da fadiga também é o uso excessivo das tropas em funções não compatíveis com a natureza das Forças”, acrescenta a publicação. Santos Cruz, ainda na rede social, chamou de “irresponsável” o compartilhamento de montagem com fotos de militares como o vice Hamilton Mourão e o ministro do GSI, Augusto Heleno, acima da frase: “Fora Maia e Alcolumbre”.

Não autorizado

“Não confundir o Exército com alguns assuntos temporários. O uso de imagens de generais é grotesco”, disse o ex-ministro em sua rede social. A imagem conclama para as manifestações pró-governo marcadas para o segundo domingo de março. Em linha com o protesto do general Santos Cruz, um dos generais fardados cuja foto foi usada para convocar a manifestação contra o Congresso, o deputado federal Roberto Peternelli (PSL-SP) desautorizou o uso da imagem. Sua foto, com uma farda do Exército, foi colocada ao lado de de outras do ministro Augusto Heleno (GSI), do vice-presidente Hamilton Mourão e do secretário de Segurança de Minas Gerais, Mário Lúcio Araújo. — Creio que o objetivo fosse dar um cunho do Exército, e não dos generais individualmente. Mas as Forças Armadas pertencem ao Estado e não são partidárias. Ninguém me pediu para usar minha imagem. ‘Fora Maia e Alcolumbre’ é impróprio como o ‘fora Bolsonaro’ — concluiu o parlamentar.
Edição digital

 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo