O órgão é a principal força no combate aos grupos paramilitares e o crime organizado no Estado do Rio de Janeiro.
Por Redação, com Sputnik - do Rio de Janeiro
Em resposta a um pedido de Lei de Acesso à Informação, a Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmou à agência russa de notícias Sputnik não ter informações sobre orçamento e números de servidores lotados na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO-IE).
Segurança pública não existe, diz sociólogo que estuda milícias
Professor de sociologia na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, José Cláudio Souza Alves estuda os grupos paramilitares no Rio de Janeiro há mais de 25 anos. Ele afirma que a resposta da Polícia Civil mostra a "situação caótica" da segurança pública no Estado. Autor do livro "Dos Barões ao Extermínio: uma história da violência na Baixada Fluminense", o professor da UFRRJ ressalta que para combater as milícias são importantes medidas amplas como o fim da guerra às drogas e a desmilitarização das polícias, mas também são necessárias ações contínuas e especializadas:– Se você não tem pessoal e investimentos para fazer operações de grande porte, não adianta nada. Estamos enrolando, virou tudo uma grande piada, uma grande farsa. Lidamos com uma segurança pública que não existe.
Sobre a atuação da Draco, Alves afirma que a delegacia faz apenas "ações pontuais" que não são efetivas no combate ao crime organizado. – É preciso pegar a rede como um todo, não adianta eu pegar um carinha lá em Campo Grande se a rede se estende pela Baixada Fluminense toda. É uma rede muito hábil, que tem acesso a informações privilegiadas, informações de dentro da polícia, da segurança pública do Estado. Eles vão refluir, recuar, e vão para outras áreas Segundo ele, "o Estado é a milícia" e opta por não interferir em questões estruturais que poderiam combater e minar o poder dos grupos paramilitares. Como exemplo da associação entre milícia e governo, Alves cita a violência policial. Em 2018, as forças policiais do Rio de Janeiro mataram 1534 pessoas.– O Estado tem uma lógica e prática miliciana, que é a execução sumária, isso é uma lógica de milícia.
Procurada pela Sputnik, a Polícia Civil do Rio de Janeiro não respondeu até a publicação desta reportagem.