Theresa May tenta ganhar tempo com promessa de outra votação sobre o Brexit

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Publicado Segunda, 11 de Fevereiro de 2019 às 09:26, por: CdB

A decisão de oferecer esta nova votação se deve, segundo a imprensa local, ao fato de que May quer tranquilizar os membros do seu governo que ameaçam renunciar diante da possibilidade que o Reino Unido saia do bloco sem um acordo no próximo dia 29 de março.

Por Redação, com EFE - de Londres

A primeira-ministra do Reino Unido, a conservadora Theresa May, prometerá esta semana ao parlamento que convocará outra votação do Brexit se no dia 27 de fevereiro não alcançar um acordo satisfatório com a União Europeia (UE), confirmou neste domingo seu ministro de Comunidades, James Brokenshire.
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A primeira-ministra do Reino Unido, a conservadora Theresa May
O ministro indicou que, com este compromisso, os deputados terão garantias sobre "o calendário" e "clareza" sobre o rumo do diálogo com Bruxelas, dirigido a obter mudanças significativas na polêmica salvaguarda para evitar uma fronteira física na ilha da Irlanda. No entanto, o ministro declarou que é provável que essa votação no final de mês seja não do pacto definitivo para a saída da UE, mas sobre uma moção governamental neutra que os deputados poderiam emendar para determinar suas preferências, como já aconteceu anteriormente. A decisão de oferecer esta nova votação se deve, segundo a imprensa local, ao fato de que May quer tranquilizar os membros do seu governo que ameaçam renunciar diante da possibilidade que o Reino Unido saia do bloco sem um acordo no próximo dia 29 de março. A expectativa é que a líder conservadora prometa a nova votação quando relatar nesta quarta-feira à Câmara dos Comuns os progressos realizados na sua tentativa de obter mudanças em relação à salvaguarda, principal empecilho para a aprovação de seu tratado. Se, como se prevê, não houver novidades destacadas, será preciso propor uma moção geral "neutra" que será votada na quinta-feira junto com as emendas apresentadas pelos parlamentares, que mais uma vez indicarão que vias de atuação preferem. A Câmara já votou uma moção similar no último dia 29 de janeiro e aprovou, por estreita margem, uma emenda impulsionada pelo conservador Graham Brady, com apoio do governo, pela qual os deputados se comprometiam a apoiar o acordo governamental se May buscasse "regras alternativas" à salvaguarda irlandesa. O ministro do Brexit, Stephen Barclay, se reunirá amanhã com o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, enquanto o titular de Relações Exteriores, Jeremy Hunt, promoverá a postura britânica em viagens nesta semana a Paris e Varsóvia, segundo indicou Downing Street. Por sua vez, o Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn antecipou que, na votação de quinta-feira, tramitará uma emenda na qual instará May a convocar uma votação sobre o próprio acordo do Brexit para 26 de fevereiro, a fim de impedir que manipule o calendário a seu favor. Em declarações hoje ao jornal "The Sunday Times", o porta-voz trabalhista para o Brexit, Keir Starmer, disse que seu partido quer "pôr fim à temerária tentativa (de May) de esgotar o tempo", a fim de forçar a aprovação "na última hora" do seu texto. Starmer disse que May "finge que faz progressos", mas, na realidade, planeja retornar ao parlamento após o Conselho Europeu dos dias 21 e 22 de março e oferecer "uma escolha binária" entre "o seu acordo ou nenhum". Corbyn acusou ontem a primeira-ministra de atuar de maneira "cínica" ao tentar "apressar o tempo" antes da saída prevista da UE, e sugeriu que ela aceite a proposta trabalhista de manter o país em uma união aduaneira com os 27 países do bloco, o que resolveria a questão da fronteira. O ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair, pró-europeu e um dos artífices do Acordo da Sexta-Feira Santa de 1998, advertiu neste domingo que uma retirada não pactuada seria "desastrosa" para o processo de paz na Irlanda do Norte, pois levaria à criação de "uma fronteira muito dura" com a vizinha Irlanda.
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