Tim Festival aposta em famosos para promover desconhecidos

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Publicado Sexta, 21 de Outubro de 2005 às 05:58, por: CdB

Pouca gente ouve falar com frequência no Brasil de Dizzee Rascal, De La Soul, M. Takara 3, Autechre ou Lado 2 Estereo, mas sabe alguma coisa sobre Kings of Leon, M.I.A., The Arcade Fire, Kings of Convenience, Vincent Gallo ou Wilco.

Todos, no entanto, têm sólida carreira em festivais da Europa e dos Estados Unidos, motivo de sobra para que fossem escalados para a nova edição do Tim Festival, que começa nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro.

A ordem, para os organizadores, é justamente apostar no que ainda é pouco conhecido por aqui, mas usando como chamariz os nomes já consagrados, como The Strokes, Television, Elvis Costello e Morcheeba, as atrações mais esperadas do festival, que também terá ramificações em São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte.

Assim é a fórmula do evento, organizado pela produtora Dueto, da diretora de cinema e teatro Monique Gardenberg.

A curadoria é de Zuza Homem de Mello, Zé Nogueira e Paulo Albuquerque, que estão na equipe desde a primeira edição do festival, em 1985, quando ele ainda se chamava Free Jazz, além de Hermano Vianna e Ronaldo Lemos.

- Essa dualidade é a cara do festival. É para poder formar um programa homogêneo, atraente e ao mesmo tempo com um significado cultural e histórico, utilizando artistas ou grupos de grande importância ou que sejam justamente revelações - explicou Zuza Homem de Mello, de 72 anos, experiente estudioso e crítico de música.

Além do pop e do rock, espalhados por dois palcos, o jazz ganha um espaço distinto, onde lendas da música se misturam com estilos que têm raízes comuns.

Assim se explica a presença de SpokFrevo Orquestra e da sambista Dona Ivone Lara no Tim Club, no mesmo lugar em que se apresentam os instrumentistas Dr. John, que há dez anos participou do Free Jazz, John Mc Laughlin, Wayne Shorter, Russel Malone, Benny Green e Enrico Rava.

Apesar da mistura, que coloca junto hip hop, rap, funk, pop, rock, eletrônica, jazz e samba, as atrações têm sempre uma linha musical em comum.

Esta edição do festival traz também um toque de brasilidade, seja na presença de nativos como Vanessa da Mata e Dona Ivone Lara, atração defendida por Homem de Mello, mesmo num palco tradicionalmente de jazz, por ser considerada um monumento da música brasileira, seja na simpatia e conhecimento dos artistas internacionais com a música brasileira.

- Existe, no mínimo, uma admiração pela nossa música - declarou afirma o curador.

A rapper M.I.A., por exemplo, canta com base no funk carioca. Seu namorado, o DJ Diplo, que se apresenta no palco Motomix, também se utiliza da mesma sonoridade. Já os Strokes, uma das bandas mais concorridas do Tim Festival, tem um brasileiro no grupo, Fabrizio Moretti.

Na hora da escolha das atrações, Homem de Mello garante que não há influência de gravadoras, apesar de dizer que elas tentam vender seus artistas para o festival.

E ele afirmou que a curadoria também não se preocupa em saber se o artista convidado tem ou não CDs à venda no Brasil.

- A gravadora precisa fazer uma armação para vender. E não nos atemos à vendagem de discos. Isso não representa coisa alguma. O que representa é a performance, o poder de fogo do artista. No festival, as pessoas passam a conhecer propostas musicais que antes não tinham acesso, pois um festival tem essa liberdade - concluiu.

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