Trump: não aceitar a derrota virou suicídio político

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Publicado Terça, 05 de Janeiro de 2021 às 11:54, por: CdB
A insistência com que Donald Trump não aceitou sua derrota eleitoral, fato inédito na história política dos Estados Unidos, ameaçando até utilizar militares contra a vitória de Joe Biden, acabou virando palhaçada de mau gosto e comprometeu seu futuro político, por quebra de credibilidade. Leiam o comentário de Celso Lungaretti.
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Donald Trump quiz fazer nos Estados Unidos como se faz em muita republiqueta
Donald Trump tem, sem dúvida, o toque de Sadim (o anagrama de Midas, que transformava em ouro tudo quanto tocava): transformou ouro em excrementos.
Sua derrota eleitoral foi a chamada caçapa cantada, pois:
— administrou pessimamente a crise da covid-19, maximizando os óbitos que poderiam ter sido evitados (infelizmente, o genocida junior daqui repetiu tintim por tintim as lambanças e sabotagens do genocida sênior de lá, daí EUA e Brasil serem dois países que não podem deixar de punir com todo o rigor da lei, e não apenas com o ostracismo, os criminosos contra a humanidade que os governaram em 2020;
— prometeu melhora econômica e não só fracassou redondamente, como deixa os EUA bem fragilizados para enfrentar a terrível depressão econômica que virá em 2021 (e, de novo, o Bozo não só embarcou em todas as suas canoas furadas, como demonstrou de forma cabal que não conseguirá segurar a onda por aqui, podendo até o número de mortes decorrentes da penúria anunciada superar o recorde brasileiro de letalidade que ele estabeleceu em 2020 com a covid).
Vários analistas estadunidenses davam como certo que Trump sobreviveria politicamente à derrota, mantendo-se como a principal liderança republicana e com boas chances de voltar à Casa Branca em 2024, caso a performance de Joe Biden não viesse a corresponder às esperanças despertadas.
Ahora no más. A ridícula tentativa de Trump de reverter a derrota no tapetão e a evidência agora surgida de que ele pressionou descaradamente o secretário de Estado da Geórgia (o que, claro, não deve ser caso único, mas sim a ponta de um iceberg) equivaleu a um suicídio político.
Assim como Richard Nixon não se reergueu após o escândalo de Watergate, Trump acaba de ser aposentado pelo mesmíssimo jornal, o Washington Post. Doravante, nem para comandar reality show será requisitado.
De resto, tão logo ele perdeu a eleição os lambe-botas da imprensa tupiniquim se puseram a louvar a solidez das instituições estadunidenses, como se o Senado não houvesse falhado miseravelmente quando chamado a impichar Trump.
Ficou provado que um dos pés do tripé da democracia burguesa de lá já se rompera. O voto para salvar o mandato de um indiscutível culpado foi partidário, de cabresto, já que existiam provas aos montes para abreviar-se seu caótico governo.
E, se lá foram as autoridades eleitorais e a Suprema Corte que bateram com a porta na cara do golpista Trump, aqui também o autogolpe sonhado pelo Bozo foi barrado principalmente pelo STF, enquanto a Câmara Federal se omitia (e continua até hoje se omitindo) de seu dever de autorizar a abertura de um processo de impeachment contra o pior e mais nefasto presidente brasileiro de todos os tempos.
Nosso país confirma sua tradição de sempre perder o trem da História, tendo demorado uma eternidade para proclamar a Independência (que acabou sendo apenas uma troca da submissão política a Portugal pela submissão econômica à Inglaterra) e a República, dar fim à escravidão, mandar os militares de volta para os quartéis após os anos de chumbo, etc.
Quantos meses ainda teremos de esperar que caia para os poderosos a ficha de que a onda ultradireitista morreu na praia e está em franco refluxo?
Ou para a esquerda sair às ruas fazer a parte que lhe cabe no processo histórico, ao invés de ficar escondida embaixo da cama, torcendo para 2022 chegar logo ou para que secundaristas, torcedores de futebol e até mesmo  os inimigos de classe retirem o bode da sala em seu lugar, desobrigando-a de sair da sua atual letargia?  P0r Celso Lungaretti, publicado no blog Náufrago da Utopia.
Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.
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