Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2025

Após enterro de Eduardo Campos, Marina inicia campanha à Presidência da República

Sábado, 16 de Agosto de 2014 às 10:23, por: CdB
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Eduardo Campos, presidente do PSB, assinou a ficha preenchida por Marina Silva
Às vésperas de os restos mortais do ex-governador pernambucano Eduardo Campos deixarem ao velório rumo à sua última morada, em Recife, tanto o PSB quanto a Rede Sustentabilidade, facção política liderada pela ex-senadora Marina Silva, começam a avaliar melhor o terreno eleitoral em que o país se encontra. O candidato à Presidência da República que desce ao túmulo rivalizava com a centro-esquerda, liderada pela presidenta Dilma Rousseff, e a direita e ultradireita, representadas na candidatura do tucano Aécio Neves (MG). As cinzas do avião em que Campos morreu ainda fumegavam e o Instituto Datafolha, do mesmo grupo empresarial que edita o diário conservador paulista Folha de S. Paulo e detém a maioria acionária do portal UOL, na internet, iniciou uma pesquisa, com o nome de Marina no lugar de Eduardo. O resultado sairá nesta segunda-feira. Antes de serem conhecidas as preferências eleitorais dos brasileiros, ainda que em uma aferição atordoada pela surpresa e o impacto da fatalidade que alterou, em questão de minutos, o panorama político do país, o jornalista, escritor, professor e doutor em Linguística Nilson Lage gravou, em uma rede social, as características que marcarão, doravante, os debates sobre a nova candidata. "Marina Silva pode ser excelente pessoa, mas é o anti-Brasil. Nascida de esquerdismo primitivista e romântico, ostenta uma subcultura enfeitada com palavras difíceis e frases sem sentido", crava o autor de Estrutura da Notícia. Lage observa que a nova candidata "odeia o agronegócio". "Não no sentido de enfrentar os herdeiros empresariais do velho coronelismo limitando suas ambições políticas, organizar agricultores em cooperativas para exploração de produtos em condições competitivas, ou criar arranjos produtivos que integrem a pequena propriedade em unidades industriais ou núcleos de armazenamento, processamento e comercialização", pontua. "É contra o agronegócio em si, contra aquilo que sustenta o comércio externo do país. Extrativista, admite no máximo a agricultura de subsistência. Esse aspecto de seu programa é que o mais agrada aos Estados Unidos, que têm no Brasil sério concorrente real - e principalmente potencial - no mercado de commodities agrícolas", acrescenta. Editor de algumas gerações de jornalistas, nas maiores redações do país, Nilson Lage considera Marina uma "esquerdista radical - no que esquerda e direita se abraçam, comovidas, ao som de um bolero". A ex-ministra do Meio Ambiente, durante as duas gestões do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, diz o mestre em Comunicação, "não é contra o capitalismo (tanto que a assessoram alguns de mais destacados intelectuais orgânicos do financismo bancário), mas contra a 'sociedade industrial' - isto é, a Embraer, as siderúrgicas, as metalúrgicas...". "É dos que odeiam hidrelétricas e acham construí-las na Amazônia um crime contra os "povos da floresta". Como termelétricas poluem e usinas nucleares são perigosas, sugerem iluminar e mover este país de 200 milhões de pessoas com cata-ventos, quando o vento sopra. Tirando o criacionismo, o horror aos transgênicos (não ao patenteamento de novas espécies obtidas em laboratório, mas à ciência que permite criá-los) e o uso abusivo dos conceitos em ciências humanas, nada propõe em áreas do conhecimento", assinala. Lage ressalta ainda o fato de que a líder da facção Rede Sustentabilidade "não tem suporte político além do aglomerado que se forma conjunturalmente para colocá-la no governo ou atrapalhar o 'inimigo'. É contra 'tudo que está aí', pela gestão do Estado com a graça de Deus, espada da Justiça, a confiança da Fé, a pureza da Inocência e iluminação da Sabedoria". "Fernando Collor, em 1989, era candidato bem mais consistente", concluiu.
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