Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2025

Bens de Sérgio Naya serão vendidos com autorização da Justiça

Segunda, 09 de Fevereiro de 2004 às 01:51, por: CdB

A Justiça bloqueou os bens que o empresário e engenheiro Sérgio Naya, dono da construtora Sersan, possui no Brasil. Ele era o responsável pela construção do edifício Palace II, que desabou no Carnaval de 1998, matando seis pessoas. Cento e setenta e três famílias perderam tudo que tinham e montaram a Associação das Vítimas do Edifício Palace II.

Os bens do empresário só podem ser vendidos para pagar indenizações. Esta semana, uma denúncia revoltou as famílias que ainda não receberam nada: a pedido de Naya, um juiz do Rio de Janeiro liberou, sem o conhecimento do Ministério Público, a venda de imóveis bloqueados e R$ 100 mil da conta destinada pela Justiça às indenizações.

- Vamos postular a anulação dessa decisão de autorizar esse levantamento para que retorne ao patrimônio de Sérgio Naya tudo o que foi alienado de forma irregular - explicou o promotor de Justiça Rodrigo Terra ao programa 'Fantástico'.

- O Sérgio Naya teve o registro profissional cassado, ele era deputado federal e teve o mandato cassado também, ele foi condenado pela Justiça a pagar as indenizações às 173 famílias que residiam no Palace II. Das 173, apenas 73 receberam indenizações - revelou o promotor.

Das cem famílias que ainda não receberam, 19 conseguiram na Justiça que a construtora pagasse um hotel até o final do processo. Oswaldo e Cecília Benavide perderam, na tragédia, o filho Leonel, de 18 anos. Eles guardam tudo o que restou em nove metros quadrados.

- Dentro de casa? Como é que nós fazemos? Um num canto da cama. Vendo televisão. Indo, vindo de um lugar para o outro, sai um pouquinho...  - desabafou Cecília.

- Há seis anos morando em um quarto pequenininho com três pessoas é complicado. Tem que fazer tudo dentro de um quarto: lavar, cozinhar. Então, é difícil. Espero que seja por mais pouco tempo - contou a comerciante Marinete Avanci, outra ex-moradora do Palace II.
 
- Eu acho que vai ser resolvido. Eu acho que com todos esses problemas que tem acontecido, acho que vai resolver. Podia arrumar este mesmo super homem que arrumaram para ele e resolver agora o nosso. Chega com essa novela - reclamou.

- A gente tenta levar uma vida normal, mas é impossível. Mas a cada momento a gente recebe uma carta como essa dizendo que a gente não pode fazer isso, não pode fazer aquilo. Então, a gente até tenta, mas a gente mora num hotel - desabafou a artista plástica Leia Oliveira.

Naya também não está mais pagando o hotel. O diretor do Atlântico Sul diz que a dívida da Sersan é de mais de R$ 1 milhão. Os pagamentos são irregulares há dois anos.
 
- A gente está tentando fazer esta cobrança pelas vias judiciais. Porque a gente simplesmente não tem com quem falar porque a gente não pode, não há ninguém responsável pela Sersan que nos atenda, que a gente possa conversar e só restou o caminho judicial - afirmou o diretor do hotel, Secundino Lema.

Quanto ao processo de venda de imóveis bloqueados, o advogado de Naya disse que a associação tinha conhecimento das decisões judiciais. Quanto ao pagamento do hotel, ele alega que apenas seis famílias moram no hotel.

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