Rio de Janeiro, 23 de Março de 2025

Brasil perde área queimada equivalente à Itália em 2024, diz MapBiomas

Três em cada quatro hectares queimados (73%) foram de vegetação nativa, um cenário criado pela atividade humana, mas também afetado pela seca associada ao fenômeno "El Niño".

Quarta, 22 de Janeiro de 2025 às 11:15, por: CdB

Três em cada quatro hectares queimados (73%) foram de vegetação nativa, um cenário criado pela atividade humana, mas também afetado pela seca associada ao fenômeno “El Niño”.

Por Redação, com ANSA – de Brasília

A área queimada no Brasil aumentou 79% em 2024 e chegou a 30,8 milhões de hectares, o equivalente a todo o território da Itália e cifra mais alta desde 2019, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira pela plataforma Monitor do Fogo, do MapBiomas.

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Devastação provocada por incêndio na Floresta Amazônia, em foto de arquivo

Três em cada quatro hectares queimados (73%) foram de vegetação nativa, um cenário criado pela atividade humana, mas também afetado pela seca associada ao fenômeno “El Niño”.

– O ano de 2024 destacou-se como um período atípico e alarmante do fogo no Brasil, com um aumento expressivo na área queimada em quase todos os biomas, afetando especialmente as áreas florestais, que normalmente não são tão atingidas – explica Ane Alencar, diretora de ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora do MapBiomas Fogo.

– Os impactos dessa devastação expõem a urgência de ações coordenadas e engajamento em todos os níveis para conter uma crise ambiental exacerbada por condições climáticas extremas, mas desencadeada pela ação humana – acrescenta.

Amazônia

A Amazônia foi o bioma mais afetado, com 17,9 milhões de hectares queimados ao longo de 2024, 58% do total e maior número dos últimos seis anos. É uma extensão maior do que o total que foi queimado em todo o país em 2023. A formação florestal foi a classe de vegetação nativa que mais queimou na Amazônia: cerca de 6,8 milhões de hectares, superando a área queimada da classe de pastagem, que foi de 5,8 milhões.

– Essa mudança é alarmante, pois as áreas de floresta atingidas pelo fogo tornam-se mais suscetíveis a novos incêndios – diz Felipe Martenexen, da equipe do MapBiomas Fogo. “Vale destacar que o fogo na Amazônia não é um fenômeno natural e não faz parte de sua dinâmica ecológica, sendo um elemento introduzido por ações humanas”, ressalta.

Já o Cerrado perdeu 9,7 milhões de hectares para o fogo em 2024, sendo 85% em zonas de vegetação nativa, e a Mata Atlântica registrou 1 milhão de hectares queimados, dos quais 70% em áreas agropecuárias. O território destruído no ano passado no bioma foi maior do que a soma entre 2019 e 2023. Mais de 80% da área queimada na Mata Atlântica em 2024 aconteceu entre os meses de agosto e setembro, reflexo dos incêndios que atingiram principalmente os plantios de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo.

O Pará foi o Estado que mais queimou no ano passado, com 7,3 milhões de hectares, 24% do total nacional. Em seguida aparecem Mato Grosso e Tocantins, com 6,8 milhões e 2,7 milhões, respectivamente. Juntos, esses três estados responderam por mais da metade (55%) da área queimada em todo o ano passado.

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