Para o presidente, embora o Brasil viva o pior momento da pandemia, com recordes diários de mortes e escassez de leitos, remédios para intubação e vacinas,"estamos dando certo apesar de um problema gravíssimo que enfrentamos desde o ano passado”. Segundo o mandatário, "o Brasil vem dando exemplo".
Por Redação - de Brasília
Mais de 500 economistas, banqueiros e empresários do país assinaram e divulgaram uma carta aberta na tentativa de mudar os rumos do governo na condução da luta contra a covid-19, mas de nada adiantou. Os signatários pedem medidas mais eficazes para o combate à pandemia do novo coronavírus, mas a resposta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é outra dissonante.
— Eu agradeço a todos vocês por acreditarem no Brasil e acreditarem no nosso governo — disse Bolsonaro nesta segunda-feira ao dirigir-se a empresários que participavam da cerimônia para marcar parceria com dez empresas que passam a patrocinar ações do Programa Águas Brasileiras, para revitalização de rios. Ele, simplesmente, desconheceu o pedido de parcela da sociedade civil organizada.
Notícias falsas
Para o presidente, embora o Brasil viva o pior momento da pandemia, com recordes diários de mortes e escassez de leitos, remédios para intubação e vacinas,"estamos dando certo apesar de um problema gravíssimo que enfrentamos desde o ano passado”. Segundo o mandatário, "o Brasil vem dando exemplo".
— Somos um dos poucos países que está na vanguarda na busca de soluções — afirmou o presidente.
A carta divulgada pelos mais de 500 economistas, banqueiros e empresários atenta para o atual momento crítico da pandemia e de seus riscos para o país. Detalha, ainda, as medidas que podem contribuir para aliviar o que consideram um grave cenário.
“Estamos no limiar de uma fase explosiva da pandemia e é fundamental que a partir de agora as políticas públicas sejam alicerçadas em dados, informações confiáveis e evidência científica. Não há mais tempo para perder em debates estéreis e notícias falsas. Precisamos nos guiar pelas experiências bem-sucedidas, por ações de baixo custo e alto impacto, por iniciativas que possam reverter de fato a situação sem precedentes que o país vive”, afirma a carta.
Negacionista
Em nenhum momento do texto há qualquer citação ao nome de Bolsonaro, mas afirma que a ação de líderes políticos pode fazer diferença “tanto para o bem quanto para o mal”. Este, no caso, seria o reforço à normas antissociais; as dificuldades na adesão da população a comportamentos responsáveis, a ampliação do número de infectados e de mortes; além de aumentar os custos que o país incorre.
"O desdenho à ciência, o apelo a tratamentos sem evidência de eficácia, o estímulo à aglomeração e o flerte com o movimento antivacina, caracterizou a liderança política maior no país", afirmam os signatários da carta.
Entre as medidas citadas na carta como indispensáveis para o combate à pandemia, são citados a aceleração do ritmo de vacinação, o incentivo ao uso de máscaras – tanto com distribuição gratuita quanto com orientação educativa –, o aumento nas medidas de distanciamento social e a criação de um mecanismo de coordenação do combate à pandemia em âmbito nacional, orientado por uma comissão de cientistas e especialistas.
Segundo os signatários da carta, a redução da atividade pela demora em adotar políticas públicas mais adequadas custou uma perda tributária de R$ 58 bilhões, apenas no âmbito federal, enquanto o atraso da vacinação irá custar R$ 131,4 bilhões aos cofres públicos em 2021 em termos de produto ou renda não gerada e supondo uma recuperação retardatária em dois trimestres.