A insatisfação de aliados com o governo não está restrita aos radicais petistas. Outros integrantes da base têm críticas à política econômica, mas preferem fazê-las à sombra. Não estão em busca de "dez minutos de fama no Jornal Nacional", como disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao deputado João Batista Araújo (PT-PA), o Babá. Na busca de eco para suas críticas, esses parlamentares dão um sinal de que a aprovação das reformas não vai solucionar os problemas do governo. - Terá que haver em breve um grande debate no governo sobre a política monetária. Não vai dar para tampar todos os bichos numa garrafa - afirma o deputado Sérgio Miranda (PCdoB-MG), considerado um dos mais qualificados membros da Comissão Mista de Orçamento. Miranda considera grave o fato de o governo Lula ter gasto apenas nos dois primeiros meses do mandato cerca de R$ 32 bilhões - 13% do PIB - em juros. - É apavorante, porque o estoque da dívida cresce. Isso explica a política de contingenciamento e aumento do superávit - diz. Com uma política de juros altos, enfatiza Miranda, não haverá superávit primário que contenha o déficit, "essa conta não fecha nunca". A divulgação do documento de política econômica do Ministério da Fazenda, deixou-os ainda mais tensos. - A lógica é de ajuste fiscal definitivo. Pretende-se ganhar a confiabilidade do mercado. O principal deixou de ser o passivo da dívida. Isso é uma inversão de tudo o que já criticamos - preocupa-se o deputado Ivan Valente (PT-SP). Essa lógica, argumenta, obrigará o governo a duros cortes de gastos e a uma política social apenas para os "super pobres" . O petista garante que as diretrizes de governo geram "descontentamento em massa no PT" . Para Valente, que não apóia a reforma da Previdência, o governo corre o risco de perder credibilidade de setores sociais. - A governabilidade não pode se reduzir à costura no Congresso. Tem que estar acompanhada de uma base social efetiva - diz.
Críticas no PT crescem dentro da ala dos moderados
Segunda, 12 de Maio de 2003 às 07:22, por: CdB