Rio de Janeiro, 14 de Dezembro de 2025

Debate confronta versão do PSB para suspeita de caixa dois na campanha

Terça, 26 de Agosto de 2014 às 11:36, por: CdB
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O jornalista Ricardo Boechat será, mais uma vez, o mediador do debate na Band
Às vésperas do primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República, na noite desta terça-feira, as coordenações das campanhas da presidenta Dilma Rousseff (PT), do senador Aécio Neves (PSDB) e da ex-ministra Marina Silva (PSB/Rede Sustentabilidade) enfrentavam o fantasma das pesquisas instantâneas e a análise de especialistas, que mostra a expressiva alta da candidata que assumiu o posto de Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, morto em um acidente aéreo em São Paulo, no último dia 13. A subida da ex-ministra do Meio Ambiente, durante os dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preocupa tanto o comando da campanha de Dilma quanto do comitê de Aécio. Convencida de que será alvo de ataques, Marina pretende vestir um modelo mais cândido, como a candidata que visa unir seu eleitorado para se firmar como uma espécie de 'terceira via' e quebrar a polarização entre PT e PSDB. Em seu discurso, ela diz que pretende unir “pessoas de bem” na política, mesmo sendo elas de outros partidos. Dilma será a primeira a falar no debate, seguida por Marina. A ordem, definida em sorteio, foi festejada pela equipe de Aécio, para a qual o tucano poderá captar o tom da discussão entre as adversárias para reagir “com serenidade”, caso seja necessário. Ex-governador mineiro, o candidato do PSDB buscará o confronto com Dilma e suas críticas a Marina tendem a ser mais sutis. Segundo coordenadores da campanha tucana, Aécio pretende atacar diretamente apenas se a candidata do PSB tomar a iniciativa. A tática principal consiste em ser mais incisivo com Dilma. As provocações endereçadas ao governo terão o objetivo de reforçar a polarização entre petistas e tucanos. Logo de cara, porém, Marina precisará enfrentar o fato de que o partido pelo qual concorre, o PSB, é alvo de uma célere investigação da Polícia Federal sobre a suspeita de que há dinheiro de caixa dois em sua campanha. Nesta manhã, coordenador financeiro da campanha de Marina, questionado sobre a legalidade do avião utilizado por Eduardo Campos e Marina Silva, o deputado Márcio França (PSB/SP) lançou um argumento polêmico: – Documento de avião você carrega no avião. Se estava no avião, já não existem mais. Caso a direção do partido não consiga demonstrar a quem pertencia o avião e como ele era pago pela campanha, o partido estará sujeito à impugnação de sua candidatura. O que a PF apurou, até agora, é que o antigo dono da aeronave, um usineiro em sérios problemas financeiros, repassou o jatinho a amigos de Eduardo Campos, que assumiram o pagamento de algumas parcelas do leasing. Tais empresários, sem capacidade financeira para comprar um jato de R$ 18,5 milhões, foram recusados pelo cadastro da Cessna, fabricante da aeronave. No entanto, pertencendo ao usineiro ou aos amigos do ex-governador, o avião não poderia ser utilizado numa campanha política, por não estar registrado numa empresa de táxi aéreo. Daí o argumento de Marcio França sobre a possível destruição dos documentos. França também deixou parecer que Marina Silva não prestará grandes esclarecimentos sobre os fatos. – Responder ela tem que responder, no limite da responsabilidade dela – alega. O argumento de França para tentar livrar a candidata de uma posição insustentável no debate presidencial é o de que Marina talvez não tenha conhecimento sobre como foi feita a negociação que colocou o avião à disposição de campanha. Outra medida adotada pela direção do PSB, na tentativa de blindagem da campanha de Marina Silva, foi abrir um novo comitê financeiro, com outro CNPJ. O PSB contratou um escritório de advocacia para cuidar do caso e, até agora, nenhum integrante do partido deu explicações claras sobre o assunto. Marina pediu mais tempo para esclarecimentos. Como o PSB não pretende indicar um dono para a aeronave, as vítimas do acidente, seja os que perderam seus imóveis em Santos (SP) ou os parentes dos ex-colaboradores de Campos que perderam a vida, tendem a ficar sem direito a reparações e indenizações. Pesquisas eleitorais Nesta manhã, a agência norte-americana de notícias econômicas Bloomberg, disse que Marina Silva tende a apresentar uma subida forte nas próximas pesquisas e diminuir a diferença sobre Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno para cinco pontos percentuais, uma diminuição de 10 pontos em relação ao último estudo do Datafolha. A fonte que passou os dados aos jornalistas alega ter acesso aos trackings (pesquisas internas) vistos pelos partidos e pediu para não ser identificada porque estes levantamentos não são publicados. Segundo a fonte, Marina ganhou parte dos votos de Dilma e um pouco de Aécio Neves (PSDB). Na primeira pesquisa que incluiu Marina entre os candidatos, o Datafolha de 18 de agosto, a diferença entre Dilma e Marina era de 15 pontos percentuais no 1º turno. Dilma tinha 36% das intenções de voto, Marina, 21%, e Aécio 20%. Os partidos políticos fazem pesquisas diariamente com 500 eleitores para monitorar mudanças na intenção de voto, segundo André Cesar, diretor de política pública e estratégia de negócios na consultoria Prospectiva. Esses trackings têm margem de erro maior que as pesquisas eleitorais conduzidas pessoalmente em maior escala, destacou. A equipe de campanha de Dilma disse que não comentaria pesquisas antes de elas serem divulgadas oficialmente, enquanto a equipe de Aécio vai esperar a divulgação para comentar. Walter Feldman, coordenador da campanha de Marina Silva, disse que há sinais de que o apoio à sua candidata está crescendo. Nesta semana são esperadas as pesquisas do Ibope, CNT/MDA e Datafolha, segundo website do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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