Integrante da CPI, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-RS) criticou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que, em seu depoimento, chamou para si a responsabilidade de não deixar a infectologista Luana Araújo assumir a Secretaria de Enfrentamento à covid da pasta.
Por Redação - de Brasília
Ministro da Saúde, o médico Marcelo Queiroga foi confrontado por diversas vezes, ao longo de seu depoimento à CPI da Covid, nesta terça-feira, e acabou por admitir que a substância cloroquina não tem eficácia comprovada contra a covid-19.
— Essas medicações não têm eficácia comprovada. Esse assunto é um motivo de deliberação da Conitec. Para mim, esse tratamento não tem eficácia e ponto final — disse o ministro, que havia evitado se posicionar sobre o medicamento em seu último depoimento. Queiroga, contudo, tentou justificar a permanência no site do Ministério da Saúde de uma nota técnica que recomenda o medicamento.
Segundo afirmou, a nota faz parte da "história" do Ministério da Saúde e, por isso, não deve ser tirada do ar. Ele disse não acreditar que a permanência da recomendação influencie o uso do medicamento.
— A nota informativa perdeu seu objeto. A nota não é protocolo, é informação de dose, perdeu objeto porquanto a Conitec está elaborando protocolo. Ela não é ato administrativo e não cabe revogação. Ela apenas está no site porque faz parte da história desse enfrentamento à pandemia. Ela faz parte da história — acrescentou Queiroga.
Política
Integrante da CPI, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-RS) criticou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que, em seu depoimento, chamou para si a responsabilidade de não deixar a infectologista Luana Araújo assumir a Secretaria de Enfrentamento à covid da pasta. Em maio, ele havia dito que a não nomeação dela foi consequência da falta de “validação política”.
“Dá tristeza ver um cidadão com mais de 30 anos de carreira na medicina se sujeitar a mentir desse jeito para se agarrar a um cargo de ministro. Queiroga tenta assumir a negativa de nomeação da Dra Luana como opção sua. Ele mesmo apontou para o presidente em declaração anterior”, escreveu o parlamentar em sua conta no Twitter.
De acordo com o titular da pasta, a médica não ocupou o cargo por "questão política da classe médica" e não por "questão política partidária". "O nome dela começou a sofrer resistência em face de alguns temas. (Houve) Divergências com a classe médica", disse.
Leia a bula
O senador Otto Alencar (PSD-BA), por sua vez, expôs o ministro Queiroga. Questionado sobre ter lido a bula das vacinas, o médico respondeu que não o fez.
O senador, que tem 50 anos de formado, em Medicina, não se calou.
— Pois eu lamento. O senhor é quem determina, precisa saber como mandar aplicar a vacina. Todas podem ter efeitos colaterais. Devo dizer que este talvez seja o ato mais irresponsável do ministro da saúde, mandar aplicar sem saber o que pode causar. Vou ler a vacina da Pfizer — adiantou o parlamentar, que apontou dados constantes na bula do medicamento.
Em meio ao bate-boca, Alencar interpelou o depoente.
— Ministro, fale a verdade, a ciência não pode mentir — advertiu.
O senador se referia a uma paciente grávida que morreu após ter tomado a vacina. Ele perguntou ao ministro, em seguida, quem foi o responsável por editar a nota técnica com a recomendação de que gestantes que tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca pudessem tomar a segunda dose de outras farmacêuticas. Queiroga responsabilizou Francielli Fantinato, diretora do PNI.
Aglomeração
Ainda em seu depoimento, o ministro da Saúde esquivou-se de comentários sobre as condutas do presidente Bolsonaro na pandemia, como falta de uso de máscaras, e disse que orienta ele sobre medidas preventivas.
— Não me compete julgar os atos do presidente da República. As recomendações sanitárias estão postas e elas são para todos. As imagens falam por si só — acomodou.
Em sua fala, Queiroga afirmou que não fará “juízo de valor das ações" de Bolsonaro.
— Comigo, na grande maioria das vezes ele usa máscara. O presidente da República não conversou comigo sobre a atitude dele. Eu não sou um censor do presidente da República. O presidente da República não é julgado pelo ministro da Saúde — resumiu.