Discurso polêmico de Guedes trava pauta econômica no Congresso
Até assessores do Planalto reconheceram, nesta sexta-feira, que o discurso do ministro sobre servidores públicos, chamados de 'parasitas', e acerca das empregas domésticas podem paralisar a agenda de Bolsonaro, no Congresso.
Até assessores do Planalto reconheceram, nesta sexta-feira, que o discurso do ministro sobre servidores públicos, chamados de 'parasitas', e acerca das empregas domésticas podem paralisar a agenda de Bolsonaro, no Congresso.
Por Redação - de Brasília e São Paulo
As recentes declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, tendem a dificultar, e muito, a tramitação da agenda governamental, nas duas casas do Legislativo. As mudanças propostas por Jair Bolsonaro (sem partido) têm como alvo exatamente os funcionários públicos, com a reforma administrativa; e as camadas mais pobres da população.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, complica a vida do governo no Congresso, com discurso preconceituoso
Até assessores do Planalto reconheceram, nesta sexta-feira, que o discurso do ministro sobre servidores públicos, chamados de 'parasitas', e acerca das empregas domésticas podem paralisar a agenda de Bolsonaro, no Congresso.
— Este é o momento de se ter declarações que ajudem o ambiente de aprovação das reformas de que o Brasil precisa — afirmo o líder da maioria na Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da reforma tributária na Casa.
Ressonância
Para o líder o partido Solidariedade, deputado Zé Silva (MG), “quando negocio com um ministro e as teses que defendo são convergentes, é mais fácil que negociar com um ministro com cujas teses eu discordo”.
— Ele (Guedes) dificulta a negociação com o governo — disse Silva, a jornalistas.
Segundo o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), o ministro “coloca mais tensão sobre temas que não estão pacificados”.
— E ele é o principal articulador das reformas. Não é positivo. O Congresso é uma grande caixa de ressonância, que é a voz da população — acrescentou.
Durante reunião em Brasília, na quarta-feira, Guedes afirmou:
— Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vamos importar menos, fazer substituição de importações, turismo. [Era] todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada.
Desculpas
Reunido com empresários na capital paulista, nesta sexta-feira, o ministro Guedes tentou justificar o desastroso comentário sobre o acesso das domésticas aos aviões, em direção à Disney, quando o dólar custava R$ 1,80. Chamado a falar sobre o episódio, Guedes lembrou ser professor e alegou que recorrera a um tom professoral para ilustrar que, à época, era mais barato viajar ao exterior do que percorrer o Brasil.
Com o dólar alto, segundo guedes, o país vai “importar menos, fazer substituição de importações, turismo”.
— Espera aí, vai passear em Foz do Iguaçu, vai passear no Nordeste, está cheio de praia bonita, vai para Cachoeiro do Itapemirim conhecer onde Roberto Carlos nasceu. Vai passear, conhecer o Brasil — disse o ministro.
Redenção
Apesar dos números recentes, que mostram o país imerso em uma crise econômica sem precedentes nas últimas décadas, Guedes fez previsões otimistas. O ministro se diz favorável à privatização da Eletrobras sob o argumento de que a empresa não tem capacidade de investimentos a ponto de tornar-se competitiva.
Ao falar para cerca de 70 empresários da área de infraestrutura e mercado imobiliário, defendeu que outros Estados abrissem o setor de gás, a exemplo do Rio. Segundo participantes, ele disse que o petróleo será a redenção do Rio, prevendo uma recuperação do Estado em cinco anos.