Família Mesquita deixa a direção d'"<i>Estado de São Paulo</i>"

A família Mesquita começou a se despedir do poder do Grupo Estado. Em e-mails enviados esta semana à redação dos jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde, Fernão Lara Mesquita, diretor de opinião do grupo, e Ruy Mesquita Filho, diretor do JT, anunciaram que estão saindo de cena. Em seus lugares, assumirão executivos de fora da família, contratados com a missão de reerguer as finanças do grupo. As mensagens dão o ponto final a uma era iniciada há mais de 100 anos, em 1891, com a fundação do jornal O Estado de S. Paulo pelo jornalista Júlio Mesquita. Agora, duas gerações depois, Júlio Mesquita Neto se prepara para deixar a cadeira de diretor-superintendente, rumo ao Conselho Consultivo da companhia de mídia. "A fase que agora se inicia é só mais uma etapa dessa luta de sempre", diz Fernão Lara em sua comprida carta de despedida. "Neste momento em que mais uma conjunção nefasta de astros resulta numa ameaça viva para a continuação de nossa empresa e, para mim, na imposição do sacrifício de abrir mão do prazer do exercício diário da luta para a qual por tanto tempo me preparei, peço a Deus que ilumine aqueles que receberão a bandeira que me coube carregar, para que eles, acima de tudo, a levem adiante e bem alta." Ruy Mesquita Filho é mais conciso. Como a mensagem de Fernão Lara, seu e-mail não esconde as dificuldades que a empresa atravessa e revela certa resistência em desprender-se de suas funções executivas. Mas ainda vai além: Ruy fala em retornar. "Ao pessoal do grupo Estado: depois de mais de 30 anos de trabalho, estou saindo, espero que por pouco tempo", afirma, "já passamos por coisas piores". Na última linha, deixa em aberto a possibilidade de volta: "Não vou dar um adeus e sim um até breve". Como Fernão Lara e Ruy Filho, Francisco Mesquita deveria ter passado o cargo adiante esta semana. Só não o fez porque o escolhido para substitui-lo, o consultor Cláudio Galeazzi, da Galeazzi & Associados, foi afastado na última hora, após chocar-se com membros da família Mesquita. Galeazzi segue assessorando o grupo, ao lado do ex-ministro da Indústria e Comércio Alcides Tápias, contratado em dezembro para tocar a reestruturação e preparar a empresa para sócios. O único Mesquita que não se recolherá ao Conselho será Ruy Mesquita, já não mais diretor do JT. Ruy seguirá ditando a linha editorial do grupo.