Entre os feridos está Pablo Grillo, de 35 anos. Ele é fotógrafo e foi atingido na cabeça por uma bomba de gás lacrimogêneo quando estava agachado para tirar uma foto.
Por Redação, com agências internacionais – de Buenos Aires
Mais de 120 pessoas foram presas, enquanto outras 46 ficaram feridas em um protesto de aposentados e torcedores de futebol na Argentina. O ato aconteceu em Buenos Aires, na região da Casa Rosada, onde fica a sede do governo, e a multidão reivindicava direitos sobre aposentadoria.

Entre os feridos está Pablo Grillo, de 35 anos. Ele é fotógrafo e foi atingido na cabeça por uma bomba de gás lacrimogêneo quando estava agachado para tirar uma foto. O profissional se encontra internado no Hospital Ramos Mejía e teve que fazer uma cirurgia, já que sofreu uma fatura no crânio e perda de massa encefálica.
O quadro de saúde de Pablo é considerado delicado. Fabián Grillo, pai de Pablo, falou com a imprensa e culpou o presidente Javier Milei e a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, pela atual condição do filho.
O governo, por sua vez, declarou por meio de Guillermo Francos, chefe de gabinete, que foi um ‘acidente imprevisto’ em função de um ‘episódio violento’. Acrescentou ainda que os manifestantes desejavam fazer uma ‘espécie de golpe de estado’ contra Milei.
Atualmente, a aposentadoria mínima na Argentina é de 279 mil pesos, o que corresponde a aproximadamente R$ 1,3 mil. De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos argentinos, para não ficar abaixo da linha da pobreza, um adulto necessita de 334 mil pesos, o equivalente a R$ 1,6 mil para viver.
Confrontos violentos
O número de participantes nos protestos na quarta-feira se multiplicou exponencialmente com a adesão das torcidas organizadas de em torno de 30 times de futebol.
Os tumultos começaram no meio da tarde, quando os manifestantes, também convocados por organizações sociais e sindicais, desafiaram os cordões policiais que tentavam liberar a área em frente ao Congresso e a Praça de Maio, em Buenos Aires.
A polícia utilizou balas de borracha, gás lacrimogêneo e canhões de água contra os manifestantes, muitos dos quais usavam camisas e bandeiras de seus times.
Alguns atiraram pedras retiradas de calçadas, fogos de artifício e bombas de efeito moral, enquanto um grande cordão policial avançava pelas ruas. Uma viatura policial e uma motocicleta foram incendiadas, e outros sete veículos da Secretaria de Segurança de Buenos Aires foram vandalizados. Um fotojornalista foi atingido por um projétil enquanto registrava o confronto.
De acordo com dados da Secretaria de Segurança, a polícia local prendeu 89 pessoas, enquanto outras 14 foram presas pelas diversas forças federais.
Entre os 20 feridos, pelo menos 10 são policiais com ferimentos leves, e os demais são civis, incluindo um homem em estado grave, que teve o crânio fraturado como resultado do impacto de uma cápsula de gás lacrimogêneo atirada na praça em frente à sede do Congresso.
Na quarta-feira à noite, após o fim dos incidentes no Congresso e na Praça de Maio, ocorreram panelaços em várias partes de Buenos Aires, e centenas de manifestantes marcharam novamente até a sede do governo.
Aumento da pobreza gera revolta
Em seu primeiro ano, o governo de Milei reduziu a inflação de 211,4% em 2023 para 117,8% em 2024 e alcançou um superávit fiscal, mas o ajuste resultou na perda de 200 mil empregos, na paralisação de obras públicas e no aumento das taxas de pobreza e pobreza extrema na Argentina
A política de Milei de liberar os preços dobrou o custo dos medicamentos e serviços essenciais em um ano. Quase 60% dos aposentados recebem a pensão mínima, equivalente a cerca de R$ 1.970. No ano passado, o governo congelou um bônus de aproximadamente R$ 406 para os aposentados.