A poucas horas do encontro do presidente argentino, Eduardo Duhalde, com o colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, nesta terça-feira, o governo argentino anunciou a aprovação da aliança entre as cervejarias Ambev e Quilmes. A aliança, no entanto, deve obedecer a uma série de exigências como a venda de uma fábrica da Ambev e outra da Quilmes na Argentina. Mesmo assim, as restrições não impedirão que a Ambev passe a ser, como disse um importante executivo da Quilmes, "a principal cervejaria da América do Sul" e a terceira mais importante no mundo. Antes da aliança com a Quilmes, a Ambev tinha apenas 15% do mercado argentino, 27% do uruguaio e 8% do paraguaio - e nada no Chile, por exemplo. Graças à aliança com a empresa argentina, a cervejaria passará a liderar vários destes mercados. Revisão A decisão da Secretaria de Defesa da Concorrência e do Consumidor, ligada ao Ministério da Economia, foi anunciada 48 horas depois de Duhalde voltar a insistir na revisão de um outro negócio envolvendo uma empresa brasileira, a Petrobras. No fim do ano passado, a Petrobras comprou a companhia argentina Perez Companc, que produz de grãos a petróleo. Mas, desde então, Duhalde vem tentando rever o negócio, alegando que a maior holding argentina não pode ser vendida. Executivos da Perez Companc, no entanto, argumentam que a venda é necessária porque, após a pesificação da economia argentina determinada por Duhalde, é impossível receber ativos em pesos e pagar a dívida em dólares. O mesmo argumento foi utilizado, no ano passado, pela Quilmes, no momento de fechar o negócio com a Ambev. Restrições Segundo a Secretaria de Defesa da Concorrência e do Consumidor, as duas empresas deverão passar para um terceiro investidor as marcas de cerveja Bieckert e Palermo, e ainda vender a Heineken ou a Imperial. Juntas, estas marcas representam a menor parte (11%) dos negócios da Ambev e da Quilmes. Por isso mesmo, as restrições do governo argentino foram classificadas de "duras" pelos negociadores das duas empresas. Os mesmos negociadores afirmam, no entanto, que as medidas são, principalmente, um "gesto político", porque - mesmo com a venda de uma fábrica da Ambev na região de Lujan, em Buenos Aires, com capacidade para produzir 2 milhões de hectolitros, e de uma fábrica de malta da Quilmes - a aliança das duas empresas ainda vai manter os postos que sonhava dentro do mercado mundial de cervejas. Além de ter 12 meses para obeceder às exigências, as duas cervejarias deverão socorrer o novo investidor, com instruções e outras ajudas, durante sete anos. "Neste negócio, mesmo com todas estas restrições, quem ganha é a Ambev. A Quilmes estava endividada e precisava de socorro. Mas a Ambev passará a ter 50% do mercado da América do Sul", comenta um assessor que participou das negociações entre as duas empresas.
Governo argentino aprova aliança entre Ambev e Quilmes
A poucas horas do encontro do presidente argentino, Eduardo Duhalde, com o colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, nesta terça-feira, o governo argentino anunciou a aprovação da aliança entre as cervejarias Ambev e Quilmes.
Segunda, 13 de Janeiro de 2003 às 23:33, por: CdB