Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2025

Jovem vinga morte da irmã assassinando suspeita absolvida pela justiça

Terça, 02 de Setembro de 2003 às 01:20, por: CdB

O jovem Erinaldo Moura Lemos assassinou com dois tiros à queima-roupa a dona-de-casa Luzialba Pinto Fernandes, 56 anos, que em abril deste ano foi absolvida da acusação de ter participado do ritual de magia negra que culminou com a morte de Elizete Moura, 10 anos, irmã de Erinaldo Moura.

A tentativa de fazer Justiça com as próprias mãos abalou os moradores da região.

A vítima conversava com parentes, na localidade de Arapuá, em Ipanguaçu, região Central do Rio Grande do Norte, quando foi surpreendida pelo assassino, às 16 horas do último domingo.
 
Erinaldo Moura desceu de uma motocicleta e, sem vacilar, puxou o gatilho três vezes mirando nas costas de Luzialba Pinto. O primeiro não acertou o alvo, o segundo atingiu as nádegas e o terceiro as costas. O segundo tiro, calibre 38, atravessou o tórax atingindo mortalmente o coração.

A dona-de-casa morreu no local, sem chance de defesa, e o acusado fugiu com destino a Alto do Rodrigues. O delegado local, sargento Rui Costa, teve de fazer as primeiras diligências em carro emprestado porque a viatura da cidade está quebrada desde o início de agosto.

A polícia, até o início da noite da última segunda-feira, não obteve informações sobre o paradeiro do acusado, principalmente, por causa da falta de colaboração da população.

O marido da vítima, Hélio Galvão, viu a morte da mulher. Ele, emocionado, acompanhou todo o cortejo até à cidade de Assu, onde aconteceu o sepultamento no Cemitério São João Batista. Luizalba Pinto foi acusada de ter participado do ritual de magia negra que resultou na morte da pequena Elizete Moura, encontrada mutilada boiando no Rio Pataxó, em 10 de novembro de 1996.

A criança foi raptada quando brincava próximo de casa e o corpo só foi encontrado três dias depois. A polícia técnica constatou que a menor foi morta com dezenas de perfurações vindo a óbito por hemorragia aguda.

Os ferimentos foram tão profundos que ela teve uma orelha decepada e, devido a um golpe nas costas, ficou com a coluna exposta. Ela teve várias partes do corpo queimadas por cinzas de cigarro e os cabelos raspados como acontecem nos rituais de magia negra.

Quatro delegados trabalharam no caso, porém nenhum deles conseguiu juntar provas suficientes ao inquérito policial contra os acusados fazendo a denúncia por indícios. O promotor Armando Lúcio Ribeiro, durante o Júri Popular, pediu a absolvição dos quatro acusados - todos da mesma família - alegando falta de provas.

A morte da criança mudou para sempre o destino da família Moura Lemos. O pai da vítima, Manoel Moura Lemos, 54 anos, sofreu um infarto fulminante quando concedia entrevista sobre o assassinato da filha. Ele chamou a imprensa para falar sobre o caso porque se sentia injustiçado.
 
Na entrevista ele disse que ficou doente depois do crime e que mudou de cidade para não entrar em contato com os acusados. Ele se mostrava um homem triste dizendo que se recordava, diariamente, da filha assassinada.

Tags:
Edições digital e impressa