Rio de Janeiro, 04 de Novembro de 2024

Manifestantes fazem ato contra precarização da Uerj

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Quinta, 12 de Janeiro de 2017 às 09:38, por: CdB

Sem recursos de custeio desde agosto e com pesquisas paralisadas pela falta de repasses, a Uerj também sofre com redução de leitos no Hupe

Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro:

Professores, servidores, alunos e ex-alunos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro participaram nesta quinta-feira de um protesto contra a falta de recursos que tem causado prejuízos às atividades acadêmicas e aos atendimentos do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe).

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Professores, servidores, alunos e ex-alunos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro participaram nesta quinta-feira de um protesto

Os manifestantes se reuniram na porta do hospital, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro. De lá, iniciaram uma caminhada em direção ao campus principal da Uerj, também na Zona Norte.

Sem recursos de custeio desde agosto e com pesquisas paralisadas pela falta de repasses. A Uerj também sofre com redução de leitos no Hupe. Dos mais de 500, apenas 92 estão disponíveis para pacientes, o que tem prejudicado aulas práticas e o atendimento à comunidade.

A aposentada Rosalina de Jesus, de 60 anos, se trata de doença de Chagas no hospital há 30 anos. Nos últimos meses, percebeu problemas em serviços como a limpeza se agravarem.

Serviços

– Eu, como paciente, apoio os médicos e os professores, porque, pra mim, é um dos melhores hospitais que tem no Rio de Janeiro. Se ele fechar, como vai ficar a nossa vida? – preocupa-se a aposentada.

Em diversos momentos, motoristas que passaram em frente à manifestação buzinaram como sinal de adesão ao movimento. Que também recebeu apoio de pacientes e acompanhantes que entravam e saíam do hospital. O protesto gritou palavras de ordem contra o governo do Estado e pediu a saída do governador, Luiz Fernando Pezão, e do seu partido, o PMDB.

O professor de medicina Henrique Aquino dá aula na Uerj há 36 anos e conta nunca ter visto uma situação tão grave. "A universidade está praticamente parada e isto se reflete no hospital. Onde é o campo de prática não só dá medicina, mas de diversas outras especialidades".

Com menos leitos, os alunos têm perdido a oportunidade de aprender a prática da profissão. O problema tem sido contornado com a utilização de espaços em outras unidades de saúde. O contato entre médico e paciente, considerado um dos principais ensinamentos da atuação no hospital, tem sido muito prejudicado.

– Antes, conseguíamos reunir um ou dois alunos e o paciente, para que eles tivessem uma relação. Como vou fazer isso com dez alunos para um paciente? – questiona o professor.

Recuperação fiscal

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou na quarta-feira que o governo federal fará um acordo com o governo do Rio de Janeiro para recuperação fiscal do Estado. Sem detalhar as regras do plano, Meirelles disse que a íntegra da medida deve ser divulgada na próxima semana.

– O acordo é viável e concluímos que, sim, temos todas as condições de fechar o acordo. Essa é a grande notícia – disse Meireles. “Agora vamos trabalhar no detalhamento do acordo. Algo que deve demandar mais uma semana de trabalho”, explicou o ministro, após reunião com governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão.

O ministro descartou a concessão de novos empréstimos ao governo do Rio de Janeiro pela União, no entanto voltou a mencionar que privatizações podem estar no plano de recuperação do estado. Meirelles afirmou ainda que o Rio de Janeiro tem espaço para aumentar receitas e reduzir despesas.

Medidas

– O que existe agora é um trabalho conjunto de definição das medidas, qual estruturação jurídica. Tudo que será necessário, definição precisa de números. É um trabalho que precisa ser muito bem feito, objetivado, de maneira que de fato seja um acordo bem-sucedido – disse Meirelles.

O governador do Rio de Janeiro ressaltou que o acordo devolve autonomia fiscal ao Estado. “É um avanço para o Rio de Janeiro extraordinário. O Rio de Janeiro volta a ficar viável e é um Estado que não vai ficar só na dependência mais do petróleo”, destacou.

Após o encontro, Meirelles e Pezão se reuniram com o presidente de facto Michel Temer. Quando finalizado. O plano será submetido à análise de Temer e à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmem Lúcia, que precisa homologar o acordo.

No início da semana, após reunião com Pezão no Rio de Janeiro. Meirelles ressaltou que plano objetiva resolver de maneira definitiva o problema fiscal do Rio, que perdeu com a queda de receitas oriundas do petróleo.

Ele destacou que o plano tem por base medidas de austeridade já apresentadas pelo governo do estado. Entre elas, o aumento da contribuição previdenciária dos servidores, rejeitadas pela Assembleia Legislativa do Rio, que também precisará aprovar agora a proposta do Ministério da Fazenda.

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