Rio de Janeiro, 13 de Novembro de 2024

Nova variante é desastre anunciado, segundo especialistas

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Domingo, 28 de Novembro de 2021 às 09:44, por: CdB

Cientistas e ativistas que defendem distribuição mais igualitária de vacinas contra covid-19 dizem que, com parte da população global desprotegida, era inevitável o surgimento de cepa mais perigosa como a Ômicron.

Por Redação, com DW - de Genebra

Para os ativistas e cientistas que passaram o último ano defendendo uma distribuição mais justa das vacinas contra a covid-19, a notícia de uma nova variante do coronavírus, potencialmente mais perigosa, era um desastre à espera de acontecer.
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A designação significa que a variante tem mutações que podem torná-la mais contagiosa
A variante se chama Ômicron e foi detectada inicialmente na África do Sul, onde menos de 25% da população está totalmente vacinada. A variante é a primeira desde a detecção da delta, há cerca de um ano, a ganhar da Organização Mundial da Saúde (OMS) o rótulo de "variante de preocupação”, sua categoria mais elevada. A designação significa que a variante tem mutações que podem torná-la mais contagiosa ou mais virulenta, ou tornar as vacinas e outras medidas preventivas menos eficazes, embora nenhum desses efeitos ainda tenha sido oficialmente confirmado. Vários países da Europa já detectaram casos. – O que a ciência nos diz desde o início é que, se você tem grandes populações desprotegidas contra este vírus, ele vai sofrer uma mutação – diz David McNair, diretor executivo de política global da ONG ONE, que combate a miséria na África. "É uma tragédia que hoje estejamos vendo isso acontecer." – Armazenar vacinas, não financiar uma resposta conjunta global,  tudo isso levou a esta situação. E o triste é que os países da UE, América do Norte, Canadá e outros tinham o poder de mudar isso há um ano e escolheram não fazê-lo – complementa.

UE reivindica liderança global

Enquanto quase 70% dos adultos na União Europeia estão totalmente vacinados contra a covid-19, a maioria dos trabalhadores de saúde nos países africanos não está. Apesar desta discrepância, o porta-voz da Comissão Europeia, Stefan De Keersmaeker, insiste que a UE está "na vanguarda para assegurar a solidariedade global com o resto do mundo". Ele destaca a promessa conjunta da UE com os EUA de vacinar 70% do mundo até setembro de 2022, com o bloco como um dos principais contribuintes para a Covax, a iniciativa global destinada a impulsionar a produção e fornecimento de vacinas para as nações mais pobres. – E, naturalmente, há também o fato de que somos os principais exportadores de vacinas para o resto do mundo – diz. "Nós somos, por assim dizer, a farmácia do mundo nessa conta".

Só um terço das doses entregue

Mas quando se trata de cumprir compromissos de curto prazo, as promessas da UE parecem estar aquém das expectativas. O bloco e seus membros se comprometeram a doar 300 milhões de doses de vacinas a países de baixa e média renda até o final de 2021, através da Covax e de doações bilaterais. Mas até agora, menos de um terço foi entregue. Os números obtidos pela agência alemã de notícias Deutsche Welle (DW) mostram que, até 26 de novembro, cerca de 95 milhões de doses doadas haviam chegado aos países beneficiários.
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