O ano passado foi levemente adocicado no que diz respeito a filmes. Uma média de 200 longa-metragens foi exibida em circuito. A grande maioria, como não podia deixar de ser, não precisava nem ter sido produzida. No cinema brasileiro, pouca coisa relevante. O que se deu foi uma massificação de documentários (algo que deve começar a cair a partir de 2005). Pelé eterno foi um fiasco e deixou a UIP de cabelos em pé. Foi a primeira co-produção do conglomerado norte-americano com o cinema brasileiro. É realmente uma surpresa um filme com Pelé ter rendido tão pouco nas bilheterias. E também foi uma surpresa O prisioneiro da grade de ferro, de Paulo Sacramento. Deu um novo gás ao gênero que parecia estar agonizando em fiascos como Fala Tu, Motoboys e A margem da imagem. Mas depois não saiu disso e foi logo cair no caso-Pelé. A Conspiração continuou a fazer "filmes-da-Conspiração" com Redentor (porque parece que estamos revendo O homem do ano ou Bufo e Spalanzani). Reichenbach voltou às telas com o ótimo Garotas do ABC, uma bela fita repleta de citações cinematográficas, ainda que ambiciosa em tentar condensar vários filmes em um (a idéia original era ter feito vários filmes, um para cada personagem - o segundo da série foi premiado em um concurso público há poucos meses). Finalmente entrou em cartaz Meu querido estranho, de Ricardo Pinto e Silva, com Daniel Filho em ótima forma, visto no Festival do Rio de 2002. E seu retorno como diretor se deu em 2004 também, com A dona da história, um simpático filme de amor.
No cinema mundial teve os novos Tarantino (Kill Bill`s 1 e 2), dose dupla de Linklater o novo Emmerich e uma surpresa no cinema de Gus Van Sant com Elephant (os filmes anteriores são de doer (remake de Psicose, Gênio indomável, Encontrando Forrester). Mas no geral, não trouxe grandes inovações a não ser no caso específico de autores já consagrados [já se esperava algo engenhoso dos novos Tarantinos ou da continuação de Antes do amanhecer (Antes do pôr-do-sol), de Linklater].
MELHORES FILMES
5) Benjamim
Por se tratar de Monique Gardenberg e um filme visualmente publicitário (com uma fotografia que, certas vezes, mais parece um comercial de TV ou um exercício de virtuose), Benjamim é um bom filme de entretenimento. Baseado no livro homônimo de Chico Buarque, Benjamim é uma história bastante truncada, o que causou uma certa confusão em algumas pessoas. Natural. Sofreu apenas por ter baseado parte de sua campanha publicitária em cima da atriz estreante Cléo Pires, filha da atriz Glória Pires com o cantor Fábio Junior. Ela não é uma boa atriz e é uma das piores coisas da fita.
4) O dia depois de amanhã
Roland Emmerich ainda vai ter o devido valor. Ainda visto como um cineasta de filmes de Blockbuster, Emmerich é autor de grandes filmes de entretenimento como Independence Day, Godzilla e Stargate. Em O dia depois de amanhã, o mundo (leia-se, os USA) é devastado por uma onda gigante. Tirada do filme: os países que aceitarem os americanos sobreviventes da tragédia vão ter sua dívida externa perdoada. Sensacional!
3) Encontros e desencontros
Provavelmente, se Sofia Coppola não fosse filha de quem é (do cineasta Francis Ford Coppola), Encontros e desencontros e seu filme anterior (e estréia) As virgens suicidas, não seriam tão repercutidos. E isso seria uma certa injustiça. Encontros e desencontros é uma bela fita, inspirado em temas como o isolamento e a solidão. Temas explorados outrora por cineastas como Khouri, Fellini e Antonioni. Não à toa que a cineasta agradeceu ao último em seu discurso no Oscar (Encontros e desencontros ganhou o Oscar de melhor roteiro original).
2) Elefante
Imperdível! Poderia ser algo realmente indigesto (como o documentário de Michael Moore sobre o episódio que inspirou Elefante, um tal de Tiros em Columbine). Com Elefante Gus Van Sant recuperou a credibilidade de seus p
Rio de Janeiro, 18 de Dezembro de 2025
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