Rio de Janeiro, 18 de Dezembro de 2025

Polícia da Turquia detém jornalistas após fechar jornal pró-curdos

A polícia da Turquia deteve pelo menos 24 funcionários de um jornal pró-curdos desde seu banimento nesta semana por suspeita de apoio a militantes curdos

Quarta, 17 de Agosto de 2016 às 10:05, por: CdB

As detenções elevam o número de trabalhadores da mídia turca presos para 99, com base em números da Federação Europeia de Jornalistas

Por Redação, com Reuters - de Istambul:   A polícia da Turquia deteve pelo menos 24 funcionários de um jornal pró-curdos desde seu banimento nesta semana por suspeita de apoio a militantes curdos, informou o jornal. As detenções elevam o número de trabalhadores da mídia turca presos para 99, com base em números da Federação Europeia de Jornalistas, tornando a Turquia o país que mais prende jornalistas no mundo.
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A polícia da Turquia deteve pelo menos 24 funcionários de um jornal pró-curdos
Uma autoridade do governo negou que a ação contra o jornal Ozgur Gundem tenha ligação com o estado de emergência declarado após tentativa fracassada de golpe em 15 de julho, mas uma agência monitora de mídia internacional avaliou que a ação é parte do amplo expurgo pós-golpe do presidente Tayyip Erdogan. Um tribunal de Istambul baniu na terça-feira o jornal de esquerda, que possui circulação de 7.500 exemplares por dia, após ter feito propaganda para o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e agir "como o meio de comunicação de facto" do grupo, de acordo com documentos do tribunal. O PKK é considerado organização terrorista pela Turquia, Estados Unidos e União Europeia.

Prisões após golpe

A Turquia irá libertar cerca de 38 mil prisioneiros como resultado de uma reforma penal anunciada nesta quarta-feira, num momento em que as prisões de dezenas de milhares de pessoas suspeitas de terem ligação com a tentativa de golpe de Estado do mês passado estão sobrecarregando cadeias já lotadas. A reforma, que estende um esquema de liberdade condicional já existente, é uma de uma série de medidas delineada nesta quarta-feira em dois decretos sob a guarida do estado de emergência declarado após o golpe fracassado de 15 de julho, durante o qual 240 pessoas foram mortas. O governo não deu nenhum motivo para a reforma. Os aliados ocidentais da Turquia temem que o presidente turco, Tayyip Erdogan, esteja usando a repressão para visar dissidentes. Refutando com irritação as preocupações do Ocidente com a estabilidade da nação-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), autoridades turcas dizem que estão extirpando uma ameaça interna séria. Os decretos, publicados no diário oficial turco, também determinam a dispensa de mais 2.360 policiais, mais de 100 militares e 196 funcionários da autoridade de informação e tecnologia da comunicação da Turquia, a BTK. Os dispensados foram descritos como pessoas com laços com o clérigo muçulmano Fethullah Gulen, residente nos Estados Unidos, que Ancara acusa de ter orquestrado o golpe malfadado, durante o qual tropas rebeladas empregaram tanques e caças na tentativa de derrubar o governo. Gulen nega envolvimento no golpe. Segundo a reforma penal, condenados com até dois anos de pena para cumprir são candidatos a serem soltos sob condicional, ampliando o período em um ano. A "libertação supervisionada" exclui condenados por terrorismo, assassinato e crimes violentos ou sexuais. Para estarem aptos à medida, os prisioneiros precisam ter cumprido metade de suas sentenças. Anteriormente se exigia que eles já tivessem cumprido dois terços de suas penas. – Esta medida não é uma anistia – escreveu o ministro da Justiça, Bekir Bozdag, no Twitter a respeito da reforma penal. Ele não disse por que a reforma é necessária, mas a população carcerária da Turquia triplicou nos últimos 15 anos. Havia 188 mil detentos no país em março, cerca de 8 mil a mais do que o sistema comporta.    
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