Na reunião ministerial na última segunda-feira, a primeira do ano, Lula questionou se esses partidos querem continuar trabalhando com o governo na próxima eleição. O silêncio foi ensurdecedor.
Por Redação – de Brasília
A distribuição de ministérios a parlamentares e presidentes de partidos do chamado ‘Centrão’, que reúne as diversas tendências da direita à extrema direita, não significa o apoio desses setores à administração petista. Nos bastidores, líderes do segmento avaliam que ainda é cedo para cravar apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2026.

Na reunião ministerial na última segunda-feira, a primeira do ano, Lula questionou se esses partidos querem continuar trabalhando com o governo na próxima eleição. O silêncio foi ensurdecedor.
O discurso de Lula ocorre em meio a um momento de pressão do ‘Centrão’ para ganhar ainda mais espaço na Esplanada dos Ministérios. Partidos como o União Brasil, PSD, MDB, PP e Republicanos já ocupam pastas na Esplanada, mas se dividem entre situação e oposição nas votações no Congresso.
Candidatos
As siglas conservadoras já até apresentaram nomes cotados para concorrer à Presidência, nas eleições de 2026. Ratinho Júnior, do PSD; Ronaldo Caiado, do União Brasil, e Tarcísio de Freitas, do Republicanos, são alguns deles.
Na avaliação dos ministros do Centrão, que falaram em condição de anonimato à mídia conservadora, nesta quinta-feira, disseram que anunciar apoio à Lula agora seria apenas uma “carta de intenções”, posto não ser possível prometer que será cumprido logo adiante. Segundo um desses ministro, a decisão de estar ou não com o presidente em 2026 dependerá do cenário.
— Se o governo se sair forte de 2025, será mais fácil advogar internamente — ponderou.
Correntes
Segundo os interlocutores, a articulação para as eleições de 2026 passará pela governabilidade, no Congresso, e pelas pesquisas de intenção de voto e de popularidade do governo até lá.
— Em todos os partidos, há setores que se aliam e setores refratários. Se o partido decidir apoio sobre 2026 agora, isso estimula a fragmentação. E eu não quero levar metade do partido, nem 1/4 do partido. Quero levar o partido inteiro — disse um representante do ‘Centrão’ com ministério.
Outro integrante da direita garante que nenhum partido do campo conservador definirá isso neste momento.
— Meu apoio pessoal será de Lula, mas o (apoio) partidário não depende apenas de mim — desconversou.
Reeleição
No MDB, por exemplo, uma ala tem se mostrado mais próxima do presidente, com figuras como o senador Renan Calheiros (AL) afirmando que o partido estará ao lado de Lula em 2026. No entanto, essa visão não é unânime na legenda. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, integrante do MDB, tem dito que o partido adotará uma posição de independência.
O PP, do ex-ministro Ciro Nogueira, atualmente em oposição ao governo, declarou que a legenda não seguirá a reeleição de Lula em 2026, embora o partido mantenha um ministério na Esplanada.
Um fator adicional que pode influenciar essas decisões é a distribuição geográfica do apoio. Siglas que optarem por se alinhar a Lula podem fortalecer suas bases em regiões do Nordeste, onde o presidente é popular, mas terão dificuldades nos Estados do Sul e Sudeste, onde a oposição tende a ser mais forte.