Esta é a sexta vez, desde o início de dezembro, que os sindicatos convocam um dia de paralisação generalizada. Trata-se da mais longa greve que a França conhece, em mais de trinta anos.
Por Redação, com a correspondente Marilza de Melo Foucher - de Paris
Milhares de franceses tomaram as ruas das principais cidades do país, nesta quinta-feira, em mais um protesto contra a reforma da Previdência do governo de Emmanuel Macron. Os sindicatos franceses que se opõem à medida paralisam serviços básicos e mostram a força do movimento. A principal manifestação ocorre em Paris. Em Marselha, a segunda maior cidade da França, milhares de pessoas começaram a desfilar no final da manhã, atrás de uma enorme faixa com a frase: “Sem negociação! Retirada do projeto Macron!”.
Esta é a sexta vez, desde o início de dezembro, que os sindicatos convocam um dia de paralisação generalizada. Trata-se da mais longa greve que a França conhece, em mais de trinta anos.
Segundo Philippe Martinez da central sindical CGT "é com a greve, que conseguimos sempre algo".
— Vejam, nas últimas duas semanas, aprendemos todos os dias que o regime especial tão combatido hoje pelo governo será finalmente mantido — afirmou.
Reforma
No último fim de semana, os acordos aceitos pelo governo para pilotos, aeromoças, policiais, professores ou ferroviários foram “uma primeira prova da utilidade dessa greve” acrescentou o dirigente da CGT.
O cientista político e historiador Nicolas Delalande, pesquisador de Centro Histórico de Ciências Políticas-Paris, em uma coluna do jornal Libération escreveu: “O episódio que estamos enfrentando mais uma vez demonstra que a greve é um momento privilegiado de apropriação política, o que leva a explicar, confrontar e refinar suas posições (…).
“O governo queria usar o relógio para enfraquecer a contestação, obscurecer as questões e diluir seus anúncios. Todavia, grevistas e manifestantes interrompem esse mecanismo de balizagem do tempo (o relógio) e tentam reverter o equilíbrio de poder recorrendo a uma greve renovável e durável. A greve, pelo contrário, causou uma condensação do tempo político, enquanto prolonga o tempo social”.
Hostilidade
A reforma proposta pelo governo Macron só tem aumentado a desconfiança dos franceses e em nada lhes tranquiliza. Longe de proteger todos os franceses, especialmente os mais frágeis, ao contrário, a reforma lhes angustia. Longe de unir todos os franceses em torno de uma evolução do pacto social, essa reforma os divide. A maioria dos franceses expressa sua hostilidade.
Até agora, os franceses não veem nenhum traço das garantias prometidas pela maioria parlamentar “macronista”.
Nada, absolutamente nada, obrigaria o governo Macron a se precipitar na elaboração de uma reforma tão confusa e injusta que atingirá um número considerável de vítimas. De todo modo, o risco político para o Presidente Emmanuel Macron é imenso, seja a reforma adotada ... ou abandonada.