O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, disse na sexta-feira que preferia não demolir as casas que serão abandonadas por colonos judeus na Faixa de Gaza, mas que isso vai depender da tranquilidade da desocupação.
- Eu ficaria feliz em não demolir as comunidades - disse Sharon ao principal jornal do país, o Yedioth Ahronoth.
- Isso exige coordenação com os palestinos - disse ainda.
Sharon propôs no ano passado a desocupação unilateral dos 21 assentamentos de Gaza e de 4 dos 120 assentamentos da Cisjordânia. Autoridades israelenses disseram na época que demolir as casas dos colonos impediria que elas caíssem em mãos dos militantes palestinos que venham a ocupar a área.
Agora, o governo israelense sugere coordenar alguns aspectos da retirada com o presidente palestino, o moderado Mahmoud Abbas, eleito em janeiro.
Mas Sharon disse ao jornal que a questão está sendo tratada pelo primeiro-ministro palestino, Ahmed Qurie.
- Abu Ala, o codinome de Qurie, é contra a preservação dos assentamentos, devido às lutas internas que ele tem com Abu Mazen Abbas. Por enquanto, não há progresso nessa questão - disse.
O ministro palestino Saeb Erekat negou que haja conflitos internos e disse que foi formada uma comissão ministerial para acompanhar a retirada.
A polícia palestina pretende ocupar os assentamentos desativados para evitar que militantes ou sem-teto o façam. Mas não se sabe quem assumiria o controle das casas, estufas e demais instalações deixadas intactas.
Sharon pretende retirar 8.500 colonos dos encraves fortificados da Faixa de Gaza, onde vivem 1,3 milhão de palestinos.
Um empresário do golfo Pérsico negociou no mês passado com lideranças palestinas e israelenses a possibilidade de desenvolver projetos imobiliários nos assentamentos após a desocupação.
Mas o vice-ministro israelense, Shimon Peres, que quer deixar as casas intactas, reconheceu que isso pode aumentar ainda mais o ódio dos colonos, que pretendem fazer protestos contra a desocupação e falam até em guerra civil.
Israel abandonou assentamentos pela última vez em 1982, quando devolveu a península do Sinai ao Egito. Na época, o governo demoliu as casas dos colonos.