Rio de Janeiro, 14 de Dezembro de 2025

Teste caseiro promete detecção de HIV pelo smartphone, segundo pesquisadores

À primeira vista, a pequena caixa de plástico não parece nada demais. Tem o tamanho de um smartphone e um dispositivo de bombeamento operado mecanicamente. Mas ela pode realizar grandes coisas, como prometem.

Domingo, 15 de Fevereiro de 2015 às 12:47, por: CdB
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Diagnóstico é feito em apenas 15 minutos, através de gota de sangue retirada do dedo e após análise por aplicativo de celular
  À primeira vista, a pequena caixa de plástico não parece nada demais. Tem o tamanho de um smartphone e um dispositivo de bombeamento operado mecanicamente. Mas ela pode realizar grandes coisas, como prometem seus criadores norte-americanos. A promessa é de um diagnóstico seguro de infecção pelo HIV em apenas 15 minutos, sem uma fonte de alimentação externa ou qualquer outro equipamento de laboratório. - Acreditamos que o dispositivo pode ser muito útil no diagnóstico do HIV, especialmente em áreas rurais, e que evite muitas transmissões do HIV - diz a pesquisadora Tassaneewan Laksanasopin, que participou do desenvolvimento do projeto. O funcionamento parece simples. Uma pequena punção na ponta do dedo é suficiente para obter sangue suficiente para o exame. A gota é colocada num recipiente em que estão os reagentes, sensíveis a anticorpos específicos da doença. O recipiente é empurrado para dentro de um cartucho de plástico, que é conectado a um smartphone. Para levar o sangue à área de teste, só é necessária uma pressão sobre a bomba de borracha, que suga o sangue e produz um vácuo. Um chip, em seguida, lê os resultados da análise de anticorpos, e um aplicativo do smartphone os analisa. O diagnóstico, então, estará feito. - É verdade que já existem outros métodos de teste acessíveis no mercado, mas eles muitas vezes oferecem resultados inconclusivos ou de difícil interpretação - ressalta Laksanasopin. Os custos de material chegam a US$ 34 por peça, um milésimo do equipamento de laboratório necessário normalmente para tais diagnósticos. "O dispositivo pode ser reutilizado. Apenas o chip tem que ser substituído após cada exame", frisa Laksanasopin. Especialmente assistentes sociais poderiam usar o dispositivo em áreas rurais, para fornecerem rapidamente um diagnóstico confiável. Em temperatura ambiente, os reagentes podem durar até seis meses, um fator igualmente importante para o uso em países em desenvolvimento. Precisão de quase 100% A precisão do diagnóstico para HIV é, segundo a pesquisadora, próxima a 100%. O que é importante observar é o fato de que o valor se refere apenas à sensibilidade do teste. Ele indica o grau de precisão com que ele reconhece a infecção pelo HIV. Esta alta eficácia significa também, na prática, que ele pode levar a resultados falso-positivos. - De 100 indivíduos, em média, oito recebem um falso diagnóstico, indicando que são soropositivos, embora isso não seja verdade - explica Laksanasopin. No caso de um diagnóstico positivo, são necessários, por isso, outros exames. Isso ocorre também com os testes caseiros de HIV já existentes. Laksanasopin e sua equipe passaram oito anos pesquisando para produzir o novo método de diagnóstico. Mas até que ele entre no mercado, ainda vai levar mais alguns anos: "Até agora, nós já fizemos uma série de experimentos com 96 pessoas." Para levar o dispositivo ao mercado internacional, são necessários mais testes, além do reconhecimento pela Organização Mundial da Saúde (OMS). - Sei que o nosso teste pode ajudar muitas pessoas, depois que for aprovado. Quanto mais cedo as pessoas recebem um diagnóstico de infecção por HIV, mais cedo podem começar o tratamento. Isso ajuda, por exemplo, as mulheres grávidas a não passarem a doença para seu filho. Esta é a minha motivação - conclui Laksanasopin.
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