Rio de Janeiro, 15 de Dezembro de 2025

Tony Blair busca acordo para desarmar IRA

Terça, 04 de Março de 2003 às 08:32, por: CdB

Irlanda do Norte - As negociações em torno do desarmamento dos guerrilheiros do IRA e da restauração da divisão de poderes entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte avançaram nesta terça-feira, ao entrarem em um não-programado segundo dia. Apesar da preocupação com a crise no Iraque, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, preferiu permanecer em Belfast para buscar um acordo. Ao lado do seu colega da República da Irlanda, Bertie Ahern, Blair tenta convencer o IRA a se desarmar totalmente. Em troca, o contingente militar britânico na Irlanda do Norte seria diminuído. O desarmamento do IRA é uma reivindicação básica dos partidos protestantes para voltarem ao governo local, suspenso há cinco meses. Blair e Ahern têm pressa para alcançar um acordo, já que sem ele as eleições de maio ficariam inviáveis. Um porta-voz de Blair disse que as negociações estão avançando. "Não vamos produzir nenhum documento grande, grosso. Mas haverá um consenso, algo que os partidos levem para apresentar a seus membros," disse o porta-voz. As instituições políticas da Irlanda do Norte foram criadas por um acordo de paz de 1998, que encerrou três décadas de guerra civil. Esse acordo previa a divisão do governo entre protestantes e católicos, mas o mecanismo já atravessou várias crises. Nas negociações de domingo, os dois governos apresentaram às partes em conflito um documento de 28 páginas que pode servir de base para a retomada da divisão de poderes. Fontes disseram que, ao longo da discussão, esse esboço foi "mudando continuamente." Para que o desarmamento do IRA aconteça, os republicanos católicos querem não só a redução do contingente britânico, mas também uma reforma na força policial, a autonomia dos poderes judiciais regionais e anistia para guerrilheiros foragidos. O principal líder protestante da Irlanda do Norte, David Trimble, quer um mecanismo que proíba o partido republicano Sinn Fein de participar do governo se o IRA, seu braço militar, não se desarmar. "A questão da verificação e das sanções é que permitirá um acordo," disse Trimble na segunda-feira. Mas Mitchel McLaughlin, do Sinn Fein, acha que, com as sanções, Trimble teria um "botão nuclear" em suas mãos. "A exigência de sanções, claramente destinadas a meu partido, não é algo com o que concordemos. Ela é ofensiva ao Acordo da Sexta-Feira Santa (o de 1998), e não vamos renegociar isso," afirmou McLaughlin à rádio BBC nesta terça-feira.

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