Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2025

Vale oferece mina de Sossego e dinheiro pela Noranda

Quarta, 07 de Julho de 2004 às 14:47, por: CdB

A proposta de compra da mineradora canadense Noranda pela Companhia Vale do Rio Doce inclui pagamento em dinheiro e a mina de cobre de Sossego, disse o diretor de participações da Previ, Renato Chaves.

Ele informou que a Vale pretende comprar a participação de 42% do Banco Brascan na mineradora canadense. Para atingir os 52 %e ter o controle da Noranda, condição para fechar o negócio, a Vale seria a única a comparecer em um aumento de capital feito pela canadense.

- A oferta da Vale se estende aos demais acionistas, e o aporte no aumento de capital será com a mina de Sossego -, afirmou à Reuters nesta quarta-feira. A Previ é o maior fundo de pensão do país, dos funcionários do Banco do Brasil, e tem participação de 58 %  na Valepar, controladora da Vale.

Chaves não especificou o valor do ativo ou quanto em dinheiro será necessário na operação. "Mas não são os 3 bilhões de dólares que se está falando", limitou-se a afirmar.

Desde que começaram os rumores do interesse da Vale na mineradora canadense, diferentes fontes têm afirmado que o negócio pode atingir US$ 3 bilhões, mas sem detalhar como seria a estrutura da operação.

Chaves disse que o negócio deve ser fechado ainda em julho, se todos os sócios da Noranda aceitarem a oferta da Vale.

O diretor de participações da Previ --que não soube informar se outras empresas fizeram propostas pela canadense-- explicou também que os recursos já foram reservados por parte da mineradora brasileira.

De acordo com Chaves, os recursos obtidos com a venda da participação da Vale na Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), na semana passada, serão utilizados para reduzir a alavancagem feita no exterior para a compra da Noranda.

A Vale vendeu sua fatia na CST para o grupo siderúrgico europeu Arcelor por US$ 578,5 milhões.

- A questão do dinheiro não preocupa a Vale, já está lá fora, e é lógico que uma venda como a da CST ajuda a reduzir essa alavancagem.

Chaves rebateu as críticas do mercado à compra da mineradora canadense, lembrando que a diversificação de negócios já era prevista no plano estratégico da Vale, que pretende se tornar um grande produtora de cobre, um dos principais focos da Noranda.

- A Noranda é um bom negócio e você reduz custo de capital, porque está comprando uma empresa com melhor rating que o nosso, que vai poder captar com taxas bem mais favoráveis no mercado externo - ressaltou.

O diretor informou ainda que há muito tempo a Vale deseja vender sua posição na Usiminas, mas que não existe um prazo para isso acontecer. "A Vale antecipou a venda de CST, mas isso não quer dizer que vá vender Usiminas, apesar de também não estar no controle e, por isso, pretender sair."  

As ações ordinárias da Vale dispararam cinco por cento, enquanto as preferenciais registraram valorização de três por cento. O índice Bovespa fechou perto da estabilidade.

Os papéis da mineradora registraram forte queda nas últimas semanas com o receio de investidores sobre os benefícios para a Vale em caso de compra da Noranda. Profissionais do mercado apontaram a alta desta quarta-feira como uma recuperação, mas alguns analistas observaram que pode haver mudança da visão sobre a possível compra da empresa canadense.

- A notícia de que ela vai trocar ativos de siderurgia por mineração, que é o foco dela, torna o negócio bem mais atraente -, disse a analista Cristiane Viana, do BES Securities.

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