Por Redação - de Brasília:
Baiano experiente na negociação de crises políticas, o ex-governador Jaques Wagner assume a Casa Civil do governo Dilma com a missão de pacificar a base aliada e iniciar, de fato, o governo eleito há um ano. A chave para abrir o diálogo com o Congresso segue perdida em meio à crise que se transferiu, nos últimos dias, do Palácio do Planalto para a Câmara dos Deputados. Presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vê sua situação política ainda mais instável, após a denúncia do Ministério Público da Suíça sobre contas secretas em nome dele e da família, com depósitos de mais de US$ 5 milhões.
Em seu perfil no Twitter, o ex-governador da Bahia, que deixou o Ministério da Defesa para assumir a Casa Civil, afirmou que as iniciativas anunciadas pela presidente Dilma Rousseff na reforma ministerial "buscam a construção de um Estado moderno, ágil, eficiente, com vistas a alcançar o desenvolvimento".
"A reforma também tem o propósito de atualizar a base do governo, buscando estabilidade política para fazer o País voltar a crescer. Com as mudanças, recebi o convite para assumir a Casa Civil. Aceitei, muito honrado, pois minha função é seguir ajudando a presidente e o nosso projeto de governo. Nessa nova fase, manterei o diálogo e a busca de consensos como base para o trabalho”, disse Jaques Wagner.
Questão de tempo
A pressão sobre Cunha, para que deixe o cargo e responda à pergunta do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), sobre ter ou não contas secretas na Suíça, aumenta na medida em que a dúvida se alastra pela sociedade brasileira, embora o assunto siga como tabu nos meios conservadores de comunicação. Cunha (PMDB-RJ) já teria admitido a pessoas próximas ser uma “questão de tempo” sua renúncia da Presidência da Câmara. Segundo uma revista semanal publicou, na edição deste fim de semana, Cunha visa levar com ele, na queda, a presidenta Dilma Rousseff.
“Não caio antes dela”, teria dito o deputado a amigos, segundo o jornalista Murilo Ramos, da Coluna Expresso, na revista Época. A carta na manga de Cunha, que pretende jogar na próxima semana, seria uma comissão para analisar o pedido de impeachment proposto pelo jurista Hélio Bicudo.
O peemedebista quer que essa comissão apresente um relatório até o dia 21 de outubro. Para aprovar o pedido de impeachment, precisará de dois terços dos votos, o que ainda não tem. Se obtiver esses votos, Cunha conseguirá afastar Dilma da Presidência até que ela seja julgada no Senado.
A presidenta já conhece parte da estratégia de Cunha e estuda, junto com o novo chefe da Casa Civil, a melhor defesa para o processo. A mais provável, segundo o colunista, será acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para conter a manobra arquitetada por Eduardo Cunha.