Acionistas pressionam e Temer tenta aprovar qualquer reforma

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Publicado Segunda, 13 de Novembro de 2017 às 12:20, por: CdB

Reação negativa dos acionistas de grandes empresas à fraqueza política do governo pressiona governo Temer. Ele quer promover qualquer reforma, para o mercado ver.


Por Redação - de Brasília

 

Os sinais visíveis de corrosão na base aliada do governo, no Congresso, leva o presidente de facto, Michel Temer, buscar uma alternativa qualquer para aprovar um texto alternativo. Há alguns dias, o peemedebista jogou a toalha e reconheceu que seus planos deram errado.

— Se, em um dado momento, a sociedade não quer (a reforma da Previdência), a mídia não quer e a combate, e naturalmente o Parlamento, que ecoa as vozes da sociedade, não quiser aprova-la, paciência — reconheceu. Mas a reação dos acionistas das empresas que apoiaram o golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), foi imediata.

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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, diz que não tem como prometer aprovação da reforma previdenciária

Os juros e o dólar subiram. A bolsa fechou o dia em queda recorde. Sinais mais que suficientes para o governo chamar os bombeiros. Precisou mostrar, rapidamente, ao mercado que tentará aprovar ao menos parte do pacote de mudanças prometidas desde o ano passado.

Dois turnos

A reforma trabalhista, que cassou direitos dos trabalhadores em vigor há mais de sete décadas, não foi suficiente. Os empresários exigem a redução também das aposentadorias, sob o argumento de que isso equilibrará as contas públicas. O texto inicial foi encaminhado e aprovado em Comissão Especial na Câmara em maio. Desde então, permanece estacionado no gabinete do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Antes de ser enviado ao Senado, precisa passar pelo plenário da Casa, onde precisará obter o voto favorável de 308 deputados. As medidas, no entanto, encontram forte rejeição entre os parlamentares. Temer, agora, se esforça para costurar um acordo que garanta ao menos parte do pacote impopular de medidas.

O Planalto corre contra o tempo. Em pleno ano eleitora, no ano que vem, os parlamentares tendem a se afastar, ao máximo, das medidas amargas oferecidas por um governo com traço nas pesquisas de aprovação junto ao eleitor. Maia já avisou que não sabe “se a Câmara terá condições de votar (a reforma) até 15 de dezembro (data limite para o recesso)”.

— Minha vontade é que se vote os dois turnos, mas não vou prometer aquilo que não posso entregar — disse.

Novo texto

Segundo afirmou, não faria sentido “pautar a reforma da Previdência de qualquer forma, porque uma derrota vai ser uma sinalização muito ruim”.

Relator deste imbroglio, o deputado Arthur Maia (PPS-BA) tem pronta uma nova versão do texto. Mais “enxuta”, afirmou. Ele pretende embrulhar o pacote até semana que vem. Ganhou um tempo extra no feriadão de dez dias com o qual os deputados se presentearam. Arthur Maia já adiantou que irá aguardar pareceres dos líderes das bancadas para apresentar o novo texto.

— Estamos hoje fazendo essa proposta com os líderes para ver o que está criando dificuldades para o parlamentar votar — disse a jornalistas.

Resignado

Maia adiantou que pretende retirar do projeto os pontos referentes à aposentadoria dos trabalhadores rurais e à previsão de tempo mínimo de 25 anos de contribuição para obter direito ao benefício (atualmente o tempo mínimo é de 15 anos).

A flexibilização do texto legal já é aceito pela base aliada. Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) disse estar de acordo com possíveis mudanças na reforma.

— O ótimo é inimigo do bom. Se você quer o ótimo e briga até o fim pelo ótimo, pode ficar sem nada. E sem nada é a tragédia para todos nós, do ponto de vista fiscal — concluiu.

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