Bolsonaro taxado de ‘vagabundo’ ao sair de férias durante catástrofe

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Publicado terça-feira, 28 de dezembro de 2021 as 16:05, por: CdB

Bolsonaro viajou, na véspera, para São Francisco do Sul, no litoral catarinense, para passar o período do Réveillon. A ida do chefe do Executivo à região se dá em meio à tragédia registrada na Bahia por conta das enchentes.

Por Redação – de Brasília e São Paulo

No momento em que a Bahia atravessa o maior desastre de sua história, com enchentes que já atingiram mais de 430 mil pessoas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) sai de férias para Santa Catarina e provoca revolta até entre seus ex-eleitores. O termo “Bolsonaro vagabundo” explodiu nas redes sociais, nesta terça-feira.

Bolsonaro, Santa Catarina
Bolsonaro se diverte no litoral catarinense, enquanto mais de 500 mil baianos não têm onde dormir

Bolsonaro viajou, na véspera, para São Francisco do Sul, no litoral catarinense, para passar o período do Réveillon. A ida do chefe do Executivo à região se dá em meio à tragédia registrada na Bahia por conta das enchentes, que já afetam quase meio milhão de pessoas (471 mil ) no Estado. A população local enfrenta fortes chuvas desde o começo do mês e a situação se agravou nos últimos dias, com 60 municípios debaixo d’água.

— É uma completa inversão de prioridades. Enquanto mais de 400 mil pessoas são atingidas por essa tragédia, ele está pescando. Chega a ser cruel. É a marca da crueldade, da completa falta de sensibilidade com o problema do outro. Não é porque o governador da Bahia é de outro partido que ele deveria agir assim — protestou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), ao mencionar a conhecida animosidade política entre Bolsonaro e o governador Rui Costa (PT).

Catástrofe

Nos bastidores de Brasília, a ausência do presidente da República na região tem chamado a atenção. Parlamentares aliados do governo estariam sugerindo uma passagem do mandatário pelo Estado durante estes dias, quando a tragédia atingiu números ainda mais alarmantes.

Segundo dados da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), há 31.405 desabrigados, 31.391 desalojados, 358 feridos e 20 mortos, sendo os dois últimos destes registrados nesta segunda-feira. Ao todo, 116 municípios foram atingidos e 100 deles decretaram estado de emergência.

— Acho que vamos precisar de programas federais e recursos voltados a isso. A bancada baiana se dirige para Brasília e vai conversar com o presidente da Câmara para ver se o Orçamento pode ser promulgado logo, se há possibilidades de remanejamento de recursos das emendas de bancada, de relator, do que seja, pra atender as populações que estão em grave risco. É uma iniciativa suprapartidária — acrescentou Portugal.

Reunião

Os deputados federais que representam o Estado, por sua vez, reuniram-se com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) nesta manhã. Apesar de ser aliado de Bolsonaro, Lira disse após o encontro que ajudará a articular um socorro federal às pessoas afetadas pelas chuvas. A pressão pela edição de uma medida provisória, por exemplo, está no radar do grupo.

A ida dos presidentes da República a locais que vivem situações de emergência e crise humanitária é praxe entre chefes de Estado. Em 2017, por exemplo, Michel Temer (MDB), foi a municípios atingidos por enchentes no Rio Grande do Sul.

O mesmo ocorreu com Dilma Roussef (PT) em 2016 e 2018, quando a petista visitou cidades atingidas por inundações em São Paulo e em terras gaúchas, respectivamente. Lula (PT) também seguiu esse protocolo em distintas ocasiões, como as das fortes chuvas que afetaram Santa Catarina, Pernambuco, Piauí, e Alagoas entre os os anos de 2008 e 2010.

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