Bolsonaro viajou, na véspera, para São Francisco do Sul, no litoral catarinense, para passar o período do Réveillon. A ida do chefe do Executivo à região se dá em meio à tragédia registrada na Bahia por conta das enchentes.
Por Redação – de Brasília e São Paulo
No momento em que a Bahia atravessa o maior desastre de sua história, com enchentes que já atingiram mais de 430 mil pessoas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) sai de férias para Santa Catarina e provoca revolta até entre seus ex-eleitores. O termo “Bolsonaro vagabundo” explodiu nas redes sociais, nesta terça-feira.
Bolsonaro viajou, na véspera, para São Francisco do Sul, no litoral catarinense, para passar o período do Réveillon. A ida do chefe do Executivo à região se dá em meio à tragédia registrada na Bahia por conta das enchentes, que já afetam quase meio milhão de pessoas (471 mil ) no Estado. A população local enfrenta fortes chuvas desde o começo do mês e a situação se agravou nos últimos dias, com 60 municípios debaixo d’água.
— É uma completa inversão de prioridades. Enquanto mais de 400 mil pessoas são atingidas por essa tragédia, ele está pescando. Chega a ser cruel. É a marca da crueldade, da completa falta de sensibilidade com o problema do outro. Não é porque o governador da Bahia é de outro partido que ele deveria agir assim — protestou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), ao mencionar a conhecida animosidade política entre Bolsonaro e o governador Rui Costa (PT).
Catástrofe
Nos bastidores de Brasília, a ausência do presidente da República na região tem chamado a atenção. Parlamentares aliados do governo estariam sugerindo uma passagem do mandatário pelo Estado durante estes dias, quando a tragédia atingiu números ainda mais alarmantes.
Segundo dados da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), há 31.405 desabrigados, 31.391 desalojados, 358 feridos e 20 mortos, sendo os dois últimos destes registrados nesta segunda-feira. Ao todo, 116 municípios foram atingidos e 100 deles decretaram estado de emergência.
— Acho que vamos precisar de programas federais e recursos voltados a isso. A bancada baiana se dirige para Brasília e vai conversar com o presidente da Câmara para ver se o Orçamento pode ser promulgado logo, se há possibilidades de remanejamento de recursos das emendas de bancada, de relator, do que seja, pra atender as populações que estão em grave risco. É uma iniciativa suprapartidária — acrescentou Portugal.
Reunião
Os deputados federais que representam o Estado, por sua vez, reuniram-se com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) nesta manhã. Apesar de ser aliado de Bolsonaro, Lira disse após o encontro que ajudará a articular um socorro federal às pessoas afetadas pelas chuvas. A pressão pela edição de uma medida provisória, por exemplo, está no radar do grupo.
A ida dos presidentes da República a locais que vivem situações de emergência e crise humanitária é praxe entre chefes de Estado. Em 2017, por exemplo, Michel Temer (MDB), foi a municípios atingidos por enchentes no Rio Grande do Sul.
O mesmo ocorreu com Dilma Roussef (PT) em 2016 e 2018, quando a petista visitou cidades atingidas por inundações em São Paulo e em terras gaúchas, respectivamente. Lula (PT) também seguiu esse protocolo em distintas ocasiões, como as das fortes chuvas que afetaram Santa Catarina, Pernambuco, Piauí, e Alagoas entre os os anos de 2008 e 2010.