Alvo de processos no STF e no Congresso, pela Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) das Fake News, Bolsonaro tenta reverter os resultados negativos que o aguardam com um ataque frontal às instituições e aos governadores dos Estados.
Por Redação - de Brasília
Em um jogo de tudo ou nada, o presidente Jair Bolsonaro tem mobilizado, nas últimas horas, o seu efetivo de apoio, no Congresso e nas redes sociais, na tentativa de atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), com chances cada vez mais reduzidas de sucesso. A mais nova ameaça à sua permanência, no Palácio do Planalto, reside exatamente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que passará a julgar dentro de mais alguns dias, o pedido de cassação da chapa que concorreu às eleições, em 2018.Ações no TSE
Segundo Barroso, sua gestão cumprirá a ordem cronológica dos pedidos de liberação pelos relatores das ações. Devem ser analisadas, inicialmente, duas ações judiciais que pedem a cassação de Bolsonaro e Mourão: a primeira foi movida pela ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), e a segunda pelo deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP). O julgamento das representações começou em novembro de 2019. Ambas pedem a cassação dos registros de candidatura, dos diplomas ou dos mandato dos representados, além da declaração de inelegibilidade. Os autores sustentam que o grupo virtual Mulheres Unidas contra Bolsonaro, no Facebook, com milhares de integrantes, teria sido alvo de ataques cibernéticos que alteraram o conteúdo da página, com a modificação de seu nome para Mulheres COM Bolsonaro #17. Eles ressaltam que Bolsonaro, então candidato à Presidência, teria publicado em seu perfil oficial no Twitter a mensagem “Obrigado pela consideração, mulheres de todo o Brasil”. A manifestação sinalizaria provável participação ou, no mínimo, ciência por parte de Bolsonaro. O relator das matérias é o ministro Og Fernandes.Mensagem cifrada
Ao todo, foram ajuizadas 15 ações contra a chapa presidencial eleita. Destas, sete foram arquivadas definitivamente, com decisão transitada em julgado. As oito restantes permanecem em andamento, entre elas, as ações de Marina e Boulos. Outras duas ações foram movidas pela Coligação Brasil Soberano, dos partidos PDT e Avante. As legendas apontam uso indevido de meios de comunicação e abuso de poder econômico em razão de disparos em massa no WhatsApp pela campanha de Bolsonaro. Esta mesma investigação integra a CPMI das Fake News. A Coligação O Povo Feliz de Novo, dos partidos PT, PCdoB e PROS, tem quatro ações em tramitação. Duas delas pautam a mesma queixa das ações do PDT/Avante. Uma terceira ação trata do abuso de poder econômico em razão da colocação de outdoors com padrões e mensagens semelhantes, em pelo menos 33 municípios, distribuídos em 13 Estados. Principal suspeito de articular o grupo que coordena o envio massivo de notícias falsas, nas redes sociais, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), segundo filho do presidente ou ’02’, como é chamado, manifestou-se nesta manhã sobre uma operação da PF contra fake news, em uma mensagem cifrada.Instituições
“O que está acontecendo é algo que qualquer um desconfie que seja proposital. Querem incentivar rachaduras diante de inquérito inconstitucional, político e ideológico sobre o pretexto de uma palavra politicamente correta? Você que ri disso não entendo o quão em perigo está!”, escreveu no Twitter. A PF cumpriu, nesta manhã, mandados de busca e apreensão naquele inquérito, no STF, que apura produção de notícias falsas e ameaças à Corte. O relator é o ministro Alexandre de Moraes. Sob pesado bombardeio das instituições democráticas, o mandatário neofascista prepara-se para o ‘all in’, segundo o jargão do pôquer, em que o jogador coloca todas as suas fichas no centro da mesa. Na opinião do jornalista Fernando Brito, ex-secretário de Comunicação no governo do engenheiro Leonel de Moura Brizola, no Rio de Janeiro, “aguarda-se – e prepare-se – a reação de Jair Bolsonaro contra os mandados de busca e apreensão determinados pelo ministro Alexandre de Moraes em busca dos financiadores e autores das tempestades de fake news que se despejam sobre o país”.Bolsonaristas
“Vai ser brutal, pois não pode ser de outro jeito porque mexe com o seu mais importante núcleo de apoio, talvez o único além do generais palacianos: os zumbis desordeiros que urram em seu louvor. Afinal, que ‘mito’ heróico seria esse que não defende, resolutamente, seus áulicos, aos quais nunca sugeriu moderação e verdade, coisas que ele próprio não pratica”, escreve Brito, em seu blog. “Portanto, logo teremos um Bolsonaro vociferante”, acrescenta, já antevendo as reações dos grupos bolsonaristas mais radicais. Entre os integrantes mais exaltados, a blogueira Sara Winter, de ultradireita e uma das investigadas na operação da PF, em curso, sobre fake news, volta a ameaçar o ministro Alexandre de Moraes. "Eu queria trocar soco com esse f. da p. desse arrombado”, disse Winter (personagem inspirada em uma prostituta nazista), em um vídeo publicado em suas redes sociais. Assista:Na linha de Winters, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) já havia xingado o decano do STF, ministro Celso de Mello, de “juiz de merda”, uma semana antes da operação da Polícia Federal deflagrada contra ataques ao STF e fake news. A parlamentar também é alvo no inquérito da PF, ao lado de outros parlamentares, empresários e blogueiros aliados do presidente. Bolsonaro precisou adiantar, ao máximo, os seus planos, após a divulgação das cenas gravadas em reunião ministerial, no dia 22 de abril, que resultou no pedido de demissão do então ministro da Justiça, Sérgio Moro."Sara Winter sobre Alexandre de Moraes: 'Eu queria trocar soco com esse filho da puta desse arrombado'. A integrante do acampamento 300 do Brasil é alvo de operação da PF conduzida pelo ministro do STF sobre disseminação de fake news e discurso de ódio". pic.twitter.com/vZeMRzkRJo
— gente de mal (@gentedemal) May 27, 2020